São Paulo, quarta-feira, 12 de maio de 2010

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CONEXÃO POP

A decepção de M.I.A.


Cantora anglo-cingalesa divulga nome de seu terceiro disco e nova faixa que lembra Britney Spears


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

UM GRAFISMO que soa como Maya dá o título do terceiro disco de M.I.A., que deve sair em 13 de julho. Uma das mais interessantes artistas dos anos 00, M.I.A., me parece, está perdida.
"XXXO", segunda faixa divulgada do novo álbum, é tão ou até mais decepcionante do que "Born Free". Se você não lembra, "Born Free" ganhou o mundo há poucos dias. Gerou mais discussão devido ao polêmico clipe dirigido por Romain Gavras do que por qualquer qualidade que possua.
Enquanto "Born Free" parte de um sample do Suicide para se transformar em uma música cansativa, gratuitamente pesada, "XXXO" coloca M.I.A. sob uma luz mais pop. Não que de uma hora para outra M.I.A. tenha virado Lady Gaga ou Britney Spears, mas quase.
"XXXO" lembra as produções mais sujas de Britney, como "Toxic". Tem melodia feita com sintetizadores que podem ser ouvidos em dezenas de cantoras/bandas pop por aí.

 


Com os álbuns "Arular" e "Kala", M.I.A. soube como aproveitar, processar, digerir influências tão díspares quanto funk, bhangra, electro, house, rap. M.I.A. criava, então, algo só seu. Uma assinatura.
Com "Born Free" e "XXXO" parece que a cantora anglo-cingalesa perdeu a mão. Não há surpresa nenhuma nas duas faixas; nos remeter a Asian Dub Foundation e a Britney Spears/NERD não é algo bom.

 


Lembro de ter visto M.I.A. ao vivo duas vezes nos últimos anos. As duas no festival norte-americano Coachella. E nas duas vezes ela mandou muito mal. Mais discursou do que cantou. Parecia um vocalista de gangsta rap que usava o microfone como arma, mas de uma forma desconexa, inútil, vazia. Será uma das decepções do ano esse terceiro disco de M.I.A.?

 


Quem nos ajuda a lembrar de como M.I.A já foi legal é o DJ/produtor de drum'n'bass High Contrast. Ele remixou "Born Free" e, sabiamente, tirou o excessivo peso da faixa, injetando groove e até um certo humor. Dá para ouvir a versão do High Contrast pelo agregador Hype Machine (http://hypem.com/).

 


Um dos segredos mais bem guardados do rock independente brasileiro, a banda-de-um-homem-só Babe, Terror terá seu primeiro disco lançado na Europa pelo selo Phantasy, do reverenciado DJ e produtor britânico Erol Alkan. Uma das faixas do Babe, Terror (www.myspace.com/babeterror), "Epicentro", foi desconstruída pelo ótimo DJ Duke Dumont (www.myspace.com/dukedumont). Ruídos e sons abstratos trombam em busca de uma melodia, de um sentido. O disco europeu do Babe,Terror deve sair no segundo semestre. As faixas já estão no MySpace dele.

thiago.ney@uol.com.br


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