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PRÉ-ESTRÉIA
Jarmusch
documenta
dia-a-dia de
Neil Young
em San Francisco
A cabeleira prateada de Jim
Jarmusch e a caótica calvície de
Neil Young estão de volta a San
Francisco.
Assim como fez no ano passado com "Dead Man", o diretor escolheu a cidade -em
tudo oposta à sua adotada New
York- para a primeira sessão
pública de seu filme. E novamente na tela se misturam imagens bem elaboradas de Jarmusch com os acordes emotivos de Young. A veterana banda Crazy Horse, liderada por
esse, é o objeto do documentário "The Year of the Horse".
Segundo Jarmusch, desde
que era adolescente no interior
dos Estados Unidos ele escutava com fascínio o som espontâneo produzido pelos "cavalos
loucos". "Eu amava eles como
banda", diz o diretor. "Agora
amo eles como pessoas".
A fama conquistada por Jarmusch como cineasta vanguardista não foi suficiente para que
Neil Young respondesse as várias cartas do diretor que o convidava para compor a trilha sonora de "Dean Man" há três
anos. "Acho que ele nunca tinha visto um filme meu e as cartas nunca chegaram às suas
mãos", diz Jarmusch. "Mas estava filmando 'Dead Man' no
Arizona durante uma excursão
da banda e acabei falando com
Neil depois do show". Meses
depois, o músico sentava num
estúdio em San Francisco para
compor a trilha de piano que
permeia a peregrinação de William Blake (Johnny Depp) pelos
EUA selvagem do século 19.
Para fazer o filme, Jarmusch
acompanhou a excursão da banda pela Europa durante três semanas no ano passado. O resultado é um retrato intimista de
músicos que, mesmo consagrados, se recusam a fazer parte do
show-business.
Fazendo perguntas e até pulando para a frente da câmera,
numa hilariante comparação
entre Velho e Novo Testamento,
Jarmusch marca presença.
Além das cenas de concertos
em Dublin e Glasgow, os músicos aparecem falando sobre suas
carreiras num quarto que lembra uma área de serviço.
Testemunhando suas tiradas
divertidas, uma máquina de lavar roupas domina o canto direito da tela. "É uma sala qualquer num lugar qualquer em
Dublin", diz o diretor. "Não
importa, achei que era apropriada para o descaso com que eles
parecem lidar com a música".
Logo de cara eles aparecem colocando fogo no arranjo central
da mesa em que o almoço será
servido durante a excursão pela
Inglaterra. "Nunca pensei que
veria flores queimando", nota o
atônito e jovem Young.
O filme estréia comercialmente nos EUA no segundo semestre.
(ADRIANE GRAU)
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