São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2000 |
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Bienal de Arquitetura, que começa no sábado, discutirá o compromisso ético com o ambiente Os arquitetos brasileiros Paulo Mendes da Rocha e João Filgueiras Lima representam o país no evento Veneza olha a cidade do terceiro milênio
CELSO FIORAVANTE DA REPORTAGEM LOCAL A partir do próximo sábado, São Paulo será assunto em Veneza. O privilégio, porém, não será apenas da capital paulista, mas também de Calcutá, Cidade do México, Roma, Cairo, Las Vegas e muitas outras metrópoles. Todas são argumentos de projetos arquitetônicos a serem discutidos na 7ª Bienal de Arquitetura de Veneza, que acontece entre os dias 17 de junho e 29 de outubro. O tema do evento é "Cidade", que o diretor da bienal, Massimiliano Fuksas, considera "o lugar paradigmático da crise". A mostra traz o subtítulo "Menos Estética, Mais Ética". Fuksas critica o predomínio da estética em projetos acéfalos, que não levam em consideração o desenvolvimento orgânico e programado da cidade. "Existe hoje um mundo que constrói cidades inteiras em dez anos. Mas o autor não existe ou quase desapareceu. Hoje existem edifícios que são investimentos financeiros que não despertam prazer ou interesse", escreveu no texto de apresentação do evento. Por ética, Fuksas entende a necessidade de um compromisso do arquiteto em pensar um futuro possível e sustentável. "Depois de passarmos muitos anos com a preocupação de realizar pequenos e grandes projetos, começamos a perceber (seguramente muito tarde) que a coisa principal é o ambiente em que vivemos, o ar que respiramos, a vida que levamos, a geografia, entendida como contexto, não só como paisagem", escreveu o arquiteto romano. O Brasil comparece com fotografias, desenhos e projetos dos arquitetos Paulo Mendes da Rocha e João Filgueiras Lima, o Lelé (leia texto abaixo). A bienal ocupa, como tradicionalmente, o espaço Giardini di Castello, mas este ano se expande também por locais revelados no ano passado pela bienal de artes plásticas da cidade, como Corderie, Artiglierie, Arsenale, Tese e Gaggiandre, ocupando assim uma área expositiva de 12 mil m2. Além das participações nacionais, o evento contará com alguns dos mais célebres arquitetos entre seus convidados, como o japonês Arata Isozaki, a iraniana Zaha Hadid, o francês Jean Nouvel, o inglês Norman Foster, o italiano Renzo Piano, o argentino Clorindo Testa e outros. Mas não são apenas os medalhões da arquitetura mundial que terão projetos nesta 7ª Bienal de Arquitetura. Para estimular a participação de jovens arquitetos de todo o mundo, o evento abriu um concurso on line para a captação de projetos de discussão das características das metrópoles no próximo milênio. Informações sobre os participantes de todas as seções do evento podem ser obtidas no site www.labiennale.org. O evento terá ainda uma seção especial com cinco habitações concebidas por Jean Prouvé, arquiteto francês do pós-guerra que se dedicou à criação de alojamentos destinados a satisfazer situações de emergência, como o abrigo de refugiados. A carreira do arquiteto e urbanista Massimiliano Fuksas, 56, divide-se entre a produção intelectual (é professor em universidades na França, EUA, Áustria e Itália) e o canteiro de obras. Tem dezenas de projetos em andamento, mas nutre predileção pelos problemas urbanísticos das periferias. Na Itália, trabalha no projeto de um mercado em Porta Palazzo, em Turim, e de um centro de convenções em Roma, entre outros. Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Brasil vai com água e pré-moldado Índice |
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