São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2000


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Brasil vai com água e pré-moldado

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil será representado na Bienal de Arquitetura de Veneza por fotografias, desenhos e maquetes de projetos e construções dos arquitetos Paulo Mendes da Rocha e João Filgueiras Lima, o Lelé, cujas produções dialogam e se complementam.
Capixaba radicado em São Paulo, Mendes da Rocha apresenta três projetos ligados à água: uma cidade-porto fluvial às margens do rio Tietê; uma proposta de reurbanização da esplanada do Suá, na baía de Vitória; e um estudo de reurbanização da baía de Montevidéu, no Uruguai.
Carioca radicado em Salvador, João Filgueiras Lima, mais conhecido como Lelé, comparece com suas "fábricas de cidades, escolas e hospitais". O termo se refere ao trabalho que o arquiteto desenvolve com pré-moldados, utilizados na produção em série de equipamentos urbanos (bancos, pontos de ônibus etc.), redes de escolas e hospitais.
Lelé é o responsável pela construção de todos os hospitais da rede Sarah Kubitschek pelo país (em Brasília, Salvador, Fortaleza, São Luís e Belo Horizonte).
"A nossa origem está na arquitetura moderna. Somos arquitetos modernos que absorvemos por meio da experiência de Niemeyer, Artigas, Reidy e de outros arquitetos brasileiros a influência máxima de Le Corbusier", disse João Filgueiras Lima à Folha.
"Lelé trabalha com questões atuais e intensamente ligadas às dificuldades do homem. Trata-se de uma arquitetura que se faz com as máquinas. É um trabalho muito bonito e extremamente criativo. Seu trabalho não tem diferença do meu. Trata-se do amplo espaço para a discussão da arquitetura como forma de conhecimento em todos os aspectos da necessária construção do hábitat do homem", disse Paulo Mendes da Rocha à Folha.
A confluência do trabalho dos dois arquitetos é possível da mesma forma que é possível a união da teoria com a prática.
Enquanto Lelé se atém a questões técnicas, como a viabilidade da construção e a manutenção de edificações com fins sociais em curto prazo, Mendes da Rocha preocupa-se em repensar o uso e não a função do projeto e em discutir a questão do homem contemporâneo perante a natureza.
A curadoria da representação brasileira é da arquiteta Glória Bayeux e da historiadora Rosa Artigas, filha do arquiteto Vilanova Artigas. O projeto de montagem é do arquiteto Ernesto Tuneu. (CF)

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