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Temporada de reprises dá nova chance para público avaliar séries
ALESSANDRA STANLEY
DO "NEW YORK TIMES"
As reprises de verão nos Estados
Unidos, como incêndios em florestas, são uma calamidade com
um lado bom -é essa a maneira
pela qual a natureza reequilibra o
ecossistema da televisão. As reprises permitem que os telespectadores percebam que "Lost" melhorou ao longo da temporada,
enquanto "24 Horas" piorou. E
que "Desperate Housewives" não
manteve o pique ousado e refrescante dos primeiros episódios.
"Lost", da ABC (exibida no Brasil pelo canal AXN), começou
com uma premissa abstrusa: sobreviventes da queda de um avião
perdidos em uma assustadora
ilha tropical. Mas a temporada
terminou de maneira eletrizante,
o que prova que a série enfim encontrou a disciplina narrativa.
"Lost" acompanha a evolução
de mais de uma dúzia de personagens centrais, e número imenso
de reviravoltas na trama e de tramas secundárias -de um ninho
misterioso a criaturas selvagens
que jamais são vistas e devoram
pessoas- e também incorpora
flashbacks que lentamente revelam as histórias de cada náufrago.
Em "24 Horas", da Fox, a trajetória foi a oposta: os personagens
foram se tornando menos interessantes à medida que o "Dia 4"
avança. A quarta temporada começou com tudo mudado. A irritante filha de Jack Bauer não faz
mais parte do elenco, um novo
presidente ocupa a Casa Branca,
Jack tem um novo emprego, trabalhando para o secretário de Defesa, e uma nova namorada, a filha de seu chefe, incidentalmente.
Mas não demorou muito para
que a série começasse a sofrer sob
as limitações que seu formato impõe: 24 horas consecutivas é um
período prolongado demais para
manter em funcionamento a idéia
de ação em tempo real que embasa a série.
"Desperate Housewives", de
maneira até apropriada, é uma série que injetou muito botox. É um
programa sexy, mas sua expressão é congelada e estática demais
para parecer natural. Mesmo que
os véus de mistério que encobrem
o suicídio de Mary Alice estejam
sendo removidos, os personagens
e o roteiro continuam fracos e
sem variedade.
Filmes não podem ser refeitos
depois que estréiam nos cinemas,
e livros não podem ser reescritos
depois que chegam às livrarias. As
série de televisão têm o luxo de
consertar seus erros e acertar as
coisas. E os telespectadores têm
todo o verão para lhes dar uma segunda chance.
Tradução Paulo Migliacci
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