DO COLUNISTA DA FOLHA

Grande parte dos registros fílmicos e fotográficos da história da imigração alemã em Blumenau se perdeu nas dezenas de enchentes que a cidade sofreu no século 20.
Além disso, houve nos anos 50 um incêndio -possivelmente criminoso- no Arquivo Histórico de Blumenau.
Em vista disso, a maior parte da documentação coletada pelo cineasta Chico Faganello veio de arquivos particulares.
Um dos acervos mais ricos pertence à família do cinegrafista amador Willy Sievert, que filmou por exemplo a grande inundação de 1961. "Utilizei cinco minutos de imagens da família Sievert e me comprometi a fazer a restauração digital de dez horas de material em DVD", diz Faganello. "Agora busco recursos para restaurar outras 20 horas de filmes e cerca de 150 fotos."
Segundo o diretor, os cinejornais nazistas eram feitos na Alemanha, dublados ou legendados em Portugal e enviados ao Brasil. "É um sinal de que havia um grande interesse dos nazistas pelo país."
Esses cinejornais, dos quais aparecem trechos expressivos em "Outra Memória", exaltavam o regime nacional-socialista e glorificavam Hitler e a pujança do Estado alemão. "Eram muito bem feitos. Arrisco dizer, pelo estilo do enquadramento e da montagem, que entre eles havia filmes feitos pela Leni Riefenstahl."
Muitas dessas fitas foram apreendidas pela polícia do Estado Novo no porto de Itajaí, mas foram parar em casas de moradores de Blumenau. "Eles só permitiram meu acesso ao material quando viram que eu não queria fazer nenhuma caça às bruxas", diz o diretor. (JGC)


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