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ARTES PLÁSTICAS
Trinta e sete trabalhos gravados em 16 mm do artista estão na mostra que será inaugurada quinta em SP
MAM exibe modernidades de Andy Warhol
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Oito horas e cinco minutos com
a câmera focada no Empire State
Building, em Nova York, e cinco
horas e 21 minutos velando o sono do poeta John Giorno. Em preto-e-branco e sem som.
São descrições precisas (mas
bastante reducionistas, dada a importância estética de ambos) de
"Empire" e "Sleep", dois dos cerca de 60 trabalhos cinematográficos de Andy Warhol (1928-87).
Trechos dos dois filmes fazem
parte da exposição "Andy Warhol: Motion Pictures", que reúne
outras 35 experiências do artista
no cinema no MAM de São Paulo,
a partir da próxima quinta.
Filmado em 1964, do escritório
da Fundação Rockfeller, no 41º
andar do prédio da Time-Life,
"Empire" mostra as diferentes
nuances de luz em torno de um
dos símbolos da cidade e do progresso norte-americano.
Já a longa soneca de Giorno
(que foi namorado de Warhol)
demorou um mês para ficar pronta, embora o resultado dê a impressão de apenas uma tomada.
Foi a primeira incursão do artista,
em 1963, pelo mundo da película.
Outros filmes igualmente mudos e em P&B, também datados
entre 63 e 64, feitos com sua câmera Bolex 16 mm, completam a
exibição: "Blow Job", close no rosto de um ator que estaria recebendo sexo oral (41 min); "Kiss", seqüência de casais se beijando (58
min); "Eat", que mostra o artista
Robert Indiana comendo um cogumelo (39 min); e "Henry Geldzahler", que traz o curador fumando um charuto (99 min).
Também podem ser vistos os
"Screen Tests", espécie de retratos
filmados, com duração de quatro
minutos, de 30 pessoas, algumas
famosas, outras desconhecidas.
A sala principal do Museu de
Arte Moderna foi escurecida para
receber 24 telas, a maioria com 1,5
m de altura, emolduradas em
uma grossa estrutura preta, onde
um ou mais filmes são projetados.
Essa formatação e o conteúdo
dos filmes reforçam o efeito de retrato animado dos "Screen Tests".
Eles foram realizados na Factory,
estúdio onde o artista passou a
trabalhar na década de 60 e que se
tornou ponto de encontro da vanguarda nova-iorquina.
Entre as estrelas desses curtas,
estão o surrealista Salvador Dalí,
cuja imagem aparece de ponta-cabeça; uma jovem e tímida Susan Sontag, intelectual que morreu no final do ano passado; e o
ator Dennis Hopper.
"A pessoa está congelada na
idade que tinha quando foi retratada. Contrariamente do que
acontece no conto "O Retrato de
Dorian Gray", a pessoa filmada
envelhece, mas seu retrato permanece inalterado. Dennis Hopper e Susan Sontag mostram lineamentos vulneráveis e com o
charme da juventude", escreve
Klaus Biesenbach, curador do
MoMA responsável pela mostra.
Não faltam ainda as atrizes-e-modelos, como Ivy Nicholson e
Donyale Luna, e outros amigos de
ateliê, os quais Warhol tinha o poder de alçar aos devidos minutos
de fama do dia para a noite.
Era a década de 60, peremptória
e muito profícua para Warhol.
Época em que ele produziu pinturas, silkscreen, filmes e eternizou
sua própria imagem.
Andy Warhol: Motion Pictures
Quando: a partir de 17/6, de ter. a dom.,
das 10h às 18h; até 14/8
Onde: MAM (parque Ibirapuera, portão
3, tel. 0/xx/11 5549-9688)
Quanto: R$ 5,50 (estudantes pagam
meia-entrada)
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