São Paulo, domingo, 12 de junho de 2005

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ARTES PLÁSTICAS

Trinta e sete trabalhos gravados em 16 mm do artista estão na mostra que será inaugurada quinta em SP

MAM exibe modernidades de Andy Warhol

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Oito horas e cinco minutos com a câmera focada no Empire State Building, em Nova York, e cinco horas e 21 minutos velando o sono do poeta John Giorno. Em preto-e-branco e sem som.
São descrições precisas (mas bastante reducionistas, dada a importância estética de ambos) de "Empire" e "Sleep", dois dos cerca de 60 trabalhos cinematográficos de Andy Warhol (1928-87).
Trechos dos dois filmes fazem parte da exposição "Andy Warhol: Motion Pictures", que reúne outras 35 experiências do artista no cinema no MAM de São Paulo, a partir da próxima quinta.
Filmado em 1964, do escritório da Fundação Rockfeller, no 41º andar do prédio da Time-Life, "Empire" mostra as diferentes nuances de luz em torno de um dos símbolos da cidade e do progresso norte-americano.
Já a longa soneca de Giorno (que foi namorado de Warhol) demorou um mês para ficar pronta, embora o resultado dê a impressão de apenas uma tomada. Foi a primeira incursão do artista, em 1963, pelo mundo da película.
Outros filmes igualmente mudos e em P&B, também datados entre 63 e 64, feitos com sua câmera Bolex 16 mm, completam a exibição: "Blow Job", close no rosto de um ator que estaria recebendo sexo oral (41 min); "Kiss", seqüência de casais se beijando (58 min); "Eat", que mostra o artista Robert Indiana comendo um cogumelo (39 min); e "Henry Geldzahler", que traz o curador fumando um charuto (99 min).
Também podem ser vistos os "Screen Tests", espécie de retratos filmados, com duração de quatro minutos, de 30 pessoas, algumas famosas, outras desconhecidas.
A sala principal do Museu de Arte Moderna foi escurecida para receber 24 telas, a maioria com 1,5 m de altura, emolduradas em uma grossa estrutura preta, onde um ou mais filmes são projetados.
Essa formatação e o conteúdo dos filmes reforçam o efeito de retrato animado dos "Screen Tests". Eles foram realizados na Factory, estúdio onde o artista passou a trabalhar na década de 60 e que se tornou ponto de encontro da vanguarda nova-iorquina.
Entre as estrelas desses curtas, estão o surrealista Salvador Dalí, cuja imagem aparece de ponta-cabeça; uma jovem e tímida Susan Sontag, intelectual que morreu no final do ano passado; e o ator Dennis Hopper.
"A pessoa está congelada na idade que tinha quando foi retratada. Contrariamente do que acontece no conto "O Retrato de Dorian Gray", a pessoa filmada envelhece, mas seu retrato permanece inalterado. Dennis Hopper e Susan Sontag mostram lineamentos vulneráveis e com o charme da juventude", escreve Klaus Biesenbach, curador do MoMA responsável pela mostra.
Não faltam ainda as atrizes-e-modelos, como Ivy Nicholson e Donyale Luna, e outros amigos de ateliê, os quais Warhol tinha o poder de alçar aos devidos minutos de fama do dia para a noite.
Era a década de 60, peremptória e muito profícua para Warhol. Época em que ele produziu pinturas, silkscreen, filmes e eternizou sua própria imagem.


Andy Warhol: Motion Pictures
Quando: a partir de 17/6, de ter. a dom., das 10h às 18h; até 14/8
Onde: MAM (parque Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11 5549-9688)
Quanto: R$ 5,50 (estudantes pagam meia-entrada)


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