|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Meneses volta a Beethoven em CD
Ao lado de Menahem Pressler, ele interpreta em gravação a obra completa do compositor para piano e violoncelo
O mais célebre violoncelista brasileiro se dedica a Antonin Dvorak em concerto da Osesp regido por John Neschling
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nesta semana, ele está lançando um CD, gravando outro,
e planejando seu próximo
DVD. Nunca Antonio Meneses,
o mais célebre violoncelista
que o Brasil já teve, se dedicou
tanto a gravações como agora,
aos 50 anos de idade.
O segredo é a política especial do selo britânico Avie Records, pelo qual ele gravou, em
2004, um alentado CD duplo
com a obra completa de Bach
para violoncelo solo. "É uma
companhia criada para o músico, que é, a um só tempo, o artista, produtor e dono do disco.
A grande vantagem é a gente ter
controle sobre o trabalho; não
acontece mais aquilo de a gente
gravar e a companhia fazer o
que quer com o CD."
Para o consumidor brasileiro, o ganho adicional é serem os
discos de Meneses na Avie lançados no Brasil, a preço de CD
nacional, pelo selo Clássicos.
Foi o que aconteceu com as suítes de Bach, e, agora, é o que está ocorrendo com o álbum duplo no qual, ao lado de Menahem Pressler, ele interpreta a
obra completa de Beethoven
para piano e violoncelo.
"Ao lado de suítes de Bach, as
sonatas de Beethoven são as
obras mais importantes do repertório do violoncelo: a gente
cresce com essas peças, e está
sempre burilando, trabalhando", explica. "Beethoven praticamente inventou a sonata para violoncelo e piano, porque
foi o primeiro compositor importante a escrever para essa
formação. Mozart, por exemplo, fez sonatas para violino,
mas não para violoncelo."
No último final de semana,
no festival Folle Journée, no
Rio de Janeiro, Meneses e
Pressler tocaram, em dois concertos, o repertório do disco.
Foram apresentações refinadas e emocionantes, dignas de
parceiros musicais que se conhecem há uma década.
Hoje com 84 anos de idade,
demonstrando um domínio assombroso do instrumento,
Pressler mudou decisivamente
a vida de Meneses ao convidá-lo, em 1998, a integrar o Beaux
Arts Trio, conjunto de câmara
que o pianista havia fundado
em 1955, e que encerra suas atividades em setembro deste
ano, com a saída do violinista
Daniel Hope.
Os anos ao lado de Pressler só
fizeram apurar as habilidades
do violoncelista no terreno intimista da música de câmara. O
Meneses que se ouve no CD de
Beethoven é um músico maduro, sério e distante do narcisimo exibicionista.
Programação intensa
Ainda como camerista, ele
volta a São Paulo em setembro
para lançar um disco em duo
com a pianista Celina Szrvinsk,
no qual interpreta obras dos
europeus Nadia Boulanger e
Bohuslav Martinu, além dos
brasileiros Villa-Lobos e Camargo Guarnieri. No mesmo
mês, ele deve se apresentar na
cidade com a Orquestra Petrobras Sinfônica, tocando o concerto de Elgar.
Nesta semana, com a Osesp,
regida pelo maestro John
Neschling, o violoncelista registra o mais célebre concerto
romântico para seu instrumento -o escrito pelo tcheco Antonin Dvorak (1841-1904). "Gravei o concerto de Dvorak com a
Filarmônica de Moscou logo
depois de vencer o Concurso
Tchaikovski, em 1982, mas o
disco só circulou no Leste Europeu e no Japão."
Na semana que vem, ele entra em estúdio para registrar
um álbum com peças solo de
autores brasileiros contemporâneos, como Clóvis Pereira,
Edino Krieger e Marlos Nobre.
Toca dia 20 com a Orquestra
Sinfônica Brasileira (OSB), no
Rio, sob a batuta de Roberto
Minczuk, apresenta-se em julho no Festival Internacional
de Inverno de Campos do Jordão e tem ainda planos de um
DVD com as suítes para violoncelo solo de Bach.
BEETHOVEN: OBRA INTEGRAL PARA PIANO E VIOLONCELO
Artistas: Antonio Meneses e Menahem Pressler
Distribuidora: selo Clássicos
Quanto: R$ 69 (à venda pelo site
www.lojaclassicos.com.br)
Texto Anterior: Eletrônica: Marky celebra 20 anos de carreira e toca por sete horas Próximo Texto: Frases Índice
|