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Naná e Yamandú fazem "maracatu dos Andes"
Percussionista pernambucano e violonista gaúcho unem estilos em show que vai virar CD
Aos 63 e 28 anos, respectivamente, músicos pretendem unir influências do Nordeste e do Sul em primeiro álbum em parceria
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
Um é gaúcho, de fala rápida,
mas econômico nas palavras. O
outro, recifense, nascido 3.636
km ao norte da Passo Fundo
natal do primeiro, está mais para verborrágico, embora nem
sempre diga muita coisa.
Criado entre milongas e tangos dos pampas, o primeiro
nem era nascido quando o segundo, especializado no berimbau, já sabia percussão para tocar do erudito ao rock e realizar
parcerias com nomes como Miles Davis e B.B. King.
A precocidade do jovem Yamandú Costa, que ainda adolescente chamava a atenção por
seu desempenho ao violão de
sete cordas, ajudou a unir as
pontas dessas histórias.
Hoje, aos 28 anos e já considerado um dos maiores violonistas do país, ele encontra Naná Vasconcelos, 63 -eleito várias vezes o melhor percussionista do mundo pela prestigiada revista norte-americana
"Down Beat"-, para a primeira
de quatro apresentações em
São Paulo, nas quais serão gravados um CD e um DVD.
"Yamandú não tem nem 30;
eu tenho 63, embora veja 36 no
espelho. Tocar com a nova geração rejuvenesce", festeja Naná. "Se posso tocar com gente
mais experiente, aproveito. Já
gravei com Paulo Moura, Dominguinhos. É uma sorte tocar
com caras que já fizeram tanto
na vida", retribui o parceiro.
"Mistério"
Não é a primeira vez que Naná e Yamandú sobem ao mesmo palco -o encontro inicial,
em Rio das Ostras, há alguns
anos, repetiu-se em Angra dos
Reis, Búzios, São Paulo. "Mas,
agora, com a responsabilidade
de gravar, é diferente. É tudo
mais cuidadoso", diz Naná.
O material de divulgação informa que os dois interpretarão músicas como "Brejeiro",
de Ernesto Nazareth, e "Missionerita", presente em "Lida",
mais recente CD de Yamandú.
Até segunda-feira, porém, os
dois diziam não saber nada disso. O repertório seria um "mistério", inclusive para eles, que,
de volta de turnês individuais
pela Europa, reuniriam-se ontem para o primeiro ensaio.
"Te juro que não sei", diz Naná, assegurando apenas que no
repertório não haverá nada que
eles já tenham gravado. "É possível que a gente faça uma versão do "Trenzinho Caipira", do
Villa-Lobos. E, vá lá, algo de Radamés [Gnattali]", concede.
"O mais legal é justamente
não sabermos direito como vai
ser", faz coro Yamandú, destacando o "encontro de extremos". "Pode ter, por exemplo,
uma improvisação minha em
cima da música dos Andes, com
ele numa percussão de maracatu, e assim vamos amarrando."
Naná, que já tocou com o saxofonista argentino Gato Barbieri, diz ter "familiaridade
com essa praia". "O vanerão
gaúcho é igual ao forró, ao
baião. Vai ter café nesse bule."
NANÁ VASCONCELOS & YAMANDÚ COSTA
Quando: hoje a sáb., 21h; dom., 19h
Onde: teatro Fecap (av. Liberdade,
532, tel. 0/xx/11/3188-4149; 12
anos)
Quanto: R$ 20
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