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LIVRO - LANÇAMENTOS
Edusp traz de volta os tempos de Império
CASSIANO ELEK MACHADO
Editor-assistente interino da Ilustrada
Depois dos tempos de Império, o
teatro brasileiro mudou definitivamente de regime. Império morreu
em 1985, aos 60 anos. Uma parte
importante de sua trajetória será
proclamada hoje, às 15h, na Pinacoteca do Estado, em São Paulo,
com o lançamento do livro "Flávio
Império".
Décimo-terceiro volume da coleção "Artistas Brasileiros", da
Edusp, a obra ilumina não apenas
a trajetória que Flávio Império
construiu nos palcos, mas também
as cores intensas que deixou nas
artes plásticas.
Como define no livro a artista
Maria Bonomi, em um retrato bastante generoso da estética "imperial", suas marcas vieram de uma
observação devoradora das características brasileiras: "(Ele era)
profundo observador de nossos rituais, nossas essências comportamentais, alegrias, escabrosidades,
facetas kitsch e folclóricas".
No mesmo livro, no segmento
dedicado à atuação mais marcante
de Império, a de cenógrafo, o próprio artista amplia o que foi esboçado por Bonomi: "Às vezes a própria equipe no ateliê do teatro começava e eu terminava para que o
acabamento, que contava, em geral, com tantas origens, tivesse
uma linguagem mais ou menos
unificada, que eu chamaria assim
de "kitsch nacional'".
Nesse caso, Império falava de sua
participação em uma montagem
marcante nas artes cênicas nacionais: "Roda Viva", direção de Zé
Celso Martinez Corrêa, no ano de
1965 (Império confessa no mesmo
depoimento que achava "bem fraquinho" o texto dessa peça, de Chico Buarque de Holanda).
Comentários como esses, tecidos
sobre cada uma das muitas montagens fundamentais das quais participou, seja ao lado de grupos importantes como o Arena e o Oficina, seja com companhias ainda
mais experimentais, preenchem boa parte do primeira capítulo do livro.
No mesmo segmento, há um ensaio de
fôlego da pesquisadora Mariângela Alves de Lima
sobre o desenvolvimento da cenografia brasileira, que teria
como uma espécie de marco zero os célebres "140" efeitos de luz criados por Ziembinski para o "Vestido de Noiva", de
Nelson Rodrigues, de 1943.
Nesse texto são recuperadas as
atuações de abrasileiramento propostas pelo Teatro Brasileiro de
Comédia e pelo Arena, o "Morte e
Vida Severina" do Teatro Experimental Cacilda Becker e as idas e
vindas de Império nos bastidores
do Teatro Oficina.
Flávio Império é caracterizado
como "muito mais um artesão da
experiência do que um visionário
com o propósito de colher aplausos".
Modesto, a ponto de dizer
que não era artista, mas
apenas um curioso, Império sempre sinalizou que não eram
as loas o seu principal objetivo.
Isso fica claro
em uma frase que ele
repetiu diversas vezes e
que está registrada no livro: "Sou o maior inimigo
de mim mesmo".
Livro: Artistas Brasileiros - Flávio Império
Organização: Renina Katz e Amélia
Hamburguer
Lançamento: Edusp/Fapesp
Quando: hoje, às 15h
Onde: Pinacoteca do Estado (praça da Luz,
2, São Paulo, tel. 011/229-9844)
Quanto: R$ 65 (278 págs.)
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