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DA RUA
Auto-retrato de imortal
FERNANDO BONASSI
Quando eu for grande,
grande de não caber mais
nessa coluna mirrada à qual
uma literaturazinha sem-vergonha me prende, vou aparecer em todas por aí. Ah, se
vou! Aceitarei convites de todos os bancos, encherei de letrinhas inteligentes aqueles livros prenhes de gravuras em
papel de embrulho chique.
Aproveitarei todo esse patrocínio especial pra cultura de
bactérias bacanas. Aparecerei
apetitoso nessas televisões de
cachorros. Vou apertar a mão
sebosa dos eleitos e indicados, deixar que me levem a
carteira aos sorrisos. Quem se
preocupa com dinheiro nessa
terra? Vou ser é poderoso como uma corretora de valores
espirituais! E se esse Brasil
chegar aos mil anos, hei de ser
lembrado num chazinho laxante, entre fardas puídas e
dentaduras postiças.
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