São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2000


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DA RUA
Auto-retrato de imortal

FERNANDO BONASSI

Quando eu for grande, grande de não caber mais nessa coluna mirrada à qual uma literaturazinha sem-vergonha me prende, vou aparecer em todas por aí. Ah, se vou! Aceitarei convites de todos os bancos, encherei de letrinhas inteligentes aqueles livros prenhes de gravuras em papel de embrulho chique. Aproveitarei todo esse patrocínio especial pra cultura de bactérias bacanas. Aparecerei apetitoso nessas televisões de cachorros. Vou apertar a mão sebosa dos eleitos e indicados, deixar que me levem a carteira aos sorrisos. Quem se preocupa com dinheiro nessa terra? Vou ser é poderoso como uma corretora de valores espirituais! E se esse Brasil chegar aos mil anos, hei de ser lembrado num chazinho laxante, entre fardas puídas e dentaduras postiças.


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