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ARQUITETURA
Pequena exposição, debates e lançamento de livro celebram obra do arquiteto que projetou a FAU-USP
Homenagem lembra os 90 anos de Vilanova Artigas
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
"A síntese instigante entre engajamento político, atualização estética, imaginação espacial e domínio dos materiais de construção."
É assim que o arquiteto curitibano Irã Dudeque descreve o legado
do arquiteto João Batista Vilanova Artigas.
A partir das 19h de hoje, a abertura de uma pequena exposição,
uma mesa-redonda e o lançamento de um livro homenageiam
os 90 anos de nascimento do arquiteto (1915-1985). O evento
acontece no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, fruto de uma
parceria entre o museu e o Instituto G Arquitetura.
Apesar de ter nascido no Paraná, Artigas é tido como um dos
principais nomes da chamada
"escola paulista". Entre mais de
700 obras, são de sua autoria o
projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e do estádio do Morumbi.
"Vejo Artigas como um dos
maiores nomes da arquitetura
brasileira, ao lado de Oscar Niemeyer", afirma Giceli Portela, diretora do Instituto G e responsável pela programação do evento.
O livro a ser lançado hoje pelo
próprio instituto contempla a
"Casa Vilanova Artigas", situada
no centro de Curitiba, no Paraná.
O projeto retangular de dois pavimentos tem espaços integrados
por pés-direitos duplos e interligados por rampas -característica que no futuro se transformaria
em marca pessoal do arquiteto.
"Comprei a casa em Curitiba
para ser meu escritório, mas a solicitação das universidades foi
tanta que resolvemos transformá-la em centro cultural e editar um
livro", diz Portela.
Com texto principal do historiador Marcelo Saldanha Sutil, o livro traz comentários de arquitetos curitibanos e paulistas influenciados por Artigas: Paulo
Mendes da Rocha, Manoel Coelho e Roberto Gandolfi são alguns
dos nomes que assinam os depoimentos.
A montagem da exposição reúne painéis com fotos e desenhos
da casa, além de "Cadeira Preguiça", móvel projetado por Artigas
que ocupará o meio da sala. "Fui
procurada pelo Instituto G Arquitetura e, quando soube da cadeira,
entrevi a possibilidade de fazer
uma exposição que contemplasse
arquitetura e design, os dois temas do museu", diz Adélia Borges, diretora do Museu da Casa
Brasileira.
Tanto o projeto da casa quanto
a cadeira são inéditos e não constaram da grande mostra sobre o
arquiteto realizada pelo Instituto
Tomie Ohtake em 2003.
A mesa de debate, terceira atividade do conjunto, terá como participantes o arquiteto Júlio Artigas, filho do homenageado, o designer Giorgio Giorgi Jr. e o arquiteto e historiador curitibano Irã
Dudeque, além da própria Giceli.
Engajamento
Filiado ao Partido Comunista
Brasileiro (PCB), Artigas fez questão de unir o trabalho como arquiteto à luta política. Na década
de 50, contestou Frank Lloyd
Wright e Le Corbusier, apontados
por ele como "expressão do pensamento da classe dominante".
Professor da FAU-USP por
mais de 20 anos, Artigas foi afastado pelo regime militar em 1969 e
só pôde retornar dez anos depois.
"Além de um dos grandes nomes da arquitetura ele representa
uma das figuras centrais para estruturação didática da faculdade", diz Ricardo Toledo Silva, diretor da FAU, que também promete homenagens para o segundo semestre.
Artigas: Casa e Cadeira
Quando: ter. a dom., das 10h às 18h; de
hoje a 31/7
Onde: Museu da Casa Brasileira (av.
Brigadeiro Faria Lima, 2705, Jardim
Paulistano, tel. 0/xx/11/3032-3727)
Quanto: R$ 4 (meia-entrada para
estudantes)
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