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Elenco, que inclui ex-Rouge, ensaiou até nove horas diárias
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não foram necessários nem
dois meses para que os jovens
intérpretes selecionados para o
elenco de "Miss Saigon" estivessem a ponto de bala para
a estréia.
Marcação rigorosa, partituras na ponta da língua, afinação
e sincronias musicais, acrobacias em cena. Tudo isso começou a ser ensaiado só no começo de maio, em dois espaços no
teatro Abril: no próprio palco e
em uma tenda, montada nos
fundos da locação.
O processo foi curto e exaustivo para todo o elenco. Os ensaios chegaram a se estender
por nove horas diárias, com
repetições intermináveis das
cenas que compõem o espetáculo -duas delas apresentadas
para a imprensa na semana
passada.
A primeira foi a coreografia
"O Dia do Dragão", de difícil
execução, com boa parte do
elenco masculino em cena,
cheia de acrobacias em torno
da figura de um dragão e muita
utilização de gelo-seco. Sobre o
palco, o exército vietnamita
marcha vitorioso depois da saída dos americanos.
A segunda canja, uma cena de
amor entre os protagonistas,
mostra os três pilares do elenco: o já experiente Nando Prato, no papel do militar americano Chris, com sua boa bagagem
técnica adquirida nos musicais
"A Ópera do Malandro", de Gabriel Vilella, "A Bela e a Fera",
"Chicago" e "O Fantasma da
Ópera", entre outros; e Lissah
Martins e Cristina Cândido,
ambas mais cruas, que se revezam no papel de Kim, a Miss
Saigon. Nos dias em que há
duas apresentações, Lissah
deve fazer uma, e Cristina,
a outra.
Mas Lissah ainda é considerada a atriz principal. Ela foi integrante do extinto Rouge
-aquele grupo só de meninas
cantoras que surgiu de um reality show do SBT- e está fazendo, neste espetáculo, a sua estréia como atriz.
Descendente de japoneses,
Lissah diz que exercita técnicas
orientais de canto desde os
quatro anos. Ela teve de se esforçar para adequar a voz ao
palco. Costumava ficar para
aulas extras de canto depois
dos ensaios diários -encarava
uma hora a mais que todo o resto do elenco.
A intérprete conta que não
tem problemas com notas agudas, o que é um grande trunfo
para aquelas que assumem o
papel de Kim. "O meu ponto
crítico são os graves e médios.
Tem uma música que se chama
"Eu Creio Sim", no primeiro ato,
que transita muito entre graves
e agudos. Tive que ensaiar bastante, mas agora estou bem segura", afirma.
Para a atriz, o que mais desgasta não é cantar. "É o tom
dramático da Kim, é a energia
que ela carrega em sua voz. Ela
é dramática do começo ao fim
do espetáculo. E eu ainda não
sei muito bem como ficar
alheia à personagem, ainda
misturo um pouco as coisas. Às
vezes acordo meio triste, e sei
que a Kim foi embora comigo
para casa."
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