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RELÂMPAGOS
Desocupado
JOÃO GILBERTO NOLL
Um toque no braço. Bastou
para que eu compreendesse.
Obedeci. Saltei do ônibus sabendo que essa presença, até ali
um pouco mais que mancha,
me seguiria até o apartamento.
Eu a acolheria, cheio de um
sentimento irrecusável que
vem de súbito, não se engane, e
que pode acometer, sei lá, qualquer mortal numa segunda-feira assim. Enchi a banheira com
uma paciência desconhecida.
Para a água chegar na borda os
minutos se arrastavam por
uma eternidade. Mas essa duração parecia armazenar um
nexo para as minhas façanhas
de desempregado. Quando fiz
sinal avisando que podia vir, algumas marolas começavam a
transbordar.
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