São Paulo, Segunda-feira, 12 de Julho de 1999
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RELÂMPAGOS

Desocupado

JOÃO GILBERTO NOLL

Um toque no braço. Bastou para que eu compreendesse. Obedeci. Saltei do ônibus sabendo que essa presença, até ali um pouco mais que mancha, me seguiria até o apartamento. Eu a acolheria, cheio de um sentimento irrecusável que vem de súbito, não se engane, e que pode acometer, sei lá, qualquer mortal numa segunda-feira assim. Enchi a banheira com uma paciência desconhecida. Para a água chegar na borda os minutos se arrastavam por uma eternidade. Mas essa duração parecia armazenar um nexo para as minhas façanhas de desempregado. Quando fiz sinal avisando que podia vir, algumas marolas começavam a transbordar.


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