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CINEMA BRASILEIRO
Relatório parcial sobre filme "Chatô" é "satisfatório", diz secretário nacional de Audiovisual
MinC não sabe como Fontes gastou
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
Dois meses após a interrupção,
por falta de recursos, das filmagens de "Chatô, o Rei do Brasil", o
MinC (Ministério da Cultura) não
sabe como foram gastos os R$ 7,5
milhões liberados para a produção, captados com base nas leis
Rouanet e do Audiovisual.
Em entrevista à Folha, o secretário nacional de Audiovisual do
MinC, José Álvaro Moisés, disse
que não há relatórios ou auditorias feitos após o início das filmagens e que acompanhem a realização do projeto idealizado pelo
ator e diretor Guilherme Fontes.
Moisés afirmou que existe um
relatório, feito no início do ano
-antes de Guilherme Fontes começar as filmagens. Nele, o produtor apresenta um cronograma
do que pretendia fazer.
De acordo com o secretário, os
projetos pedindo autorização para captar recursos com base nas
leis de incentivo à produção audiovisual são analisados pelo
MinC em dois momentos.
Primeiro, é feita uma avaliação
do orçamento apresentado, para
saber se ele é compatível com preços do mercado. Se o projeto é
considerado adequado e o MinC
constata haver um interesse cultural em sua realização, o produtor é autorizado a captar recursos.
Depois, quando o prazo de realização expira, o MinC examina a
prestação de contas apresentada
pelo produtor. Caso encontre irregularidades, encaminha para a
Secretaria de Controle Interno,
órgão do Ministério da Fazenda.
"Não existe relatório ou auditoria durante o processo. Auditoria
só se faz quando há denúncia ou
dúvida, e não podemos -e não
queremos- fazer presunção de
culpa contra Guilherme Fontes
nem contra quem quer que seja.
Não vou partir da premissa de
que ele é um fraudador, de que vai
malversar", disse Moisés.
Fontes paralisou as filmagens
no dia 2 de maio, assustando investidores que haviam aplicado
no filme quase R$ 7,5 milhões do
orçamento de pouco mais de R$
12 milhões aprovado pelo MinC.
Desde então, busca-se uma solução para a conclusão do projeto.
A Folha apurou que investidores
têm sido procurados por Fontes
com um pedido para que aumentem sua participação no filme.
A proposta não vem sendo bem
recebida. Muitos têm negado ajuda; outros têm condicionado a
entrega de mais recursos a um
compromisso de que todos os investidores farão o mesmo.
Relatório satisfatório
O secretário de Audiovisual disse que o relatório parcial apresentado por Fontes no início do ano
foi considerado "satisfatório".
"Ele previa o início das filmagens
e, de fato, iniciou", disse.
Após a paralisação, segundo
Moisés, Fontes teve uma reunião
no Ministério da Cultura. "Ele nos
informou que já filmou 80%. Disse que está esperando captar mais
recursos para filmar o restante. E
ele tem prazo até outubro para
prestar contas."
Os prazos de Fontes para concluir "Chatô" terminam no dia 22
de outubro (para os R$ 3 milhões
captados com base na Lei do Audiovisual) e no dia 31 de dezembro (para os R$ 4,46 milhões captados por meio da Lei Rouanet).
Moisés prefere não falar sobre
eventuais efeitos negativos que
uma possível não-conclusão do
filme de Fontes possa trazer para
o mercado cinematográfico brasileiro -como, por exemplo, o receio de investidores de aplicar em
outros filmes.
"Qualquer projeto que não se
realiza, é claro, não é bom, mas
não posso dizer que seja o caso do
Guilherme, porque ainda nem
terminou o prazo. Quem impede,
por exemplo, que ele conclua o filme com o que já tem? E quem sabe o filme faz sucesso?"
Moisés explica que, por isso, a
decisão do MinC é esperar até o
último dia dos prazos de Guilherme Fontes. A partir daí, começará
a analisar a prestação de contas
do produtor.
"Qualquer outra coisa que fizermos antes fere o direito de criação
e de ação do artista", disse Moisés.
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