São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2011 |
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Documentários sobre transexuais acendem debate em Gramado Filmes uruguaio e brasileiro abordam tema de maneira quase oposta e dividem o público presente ao festival O primeiro é um documentário delicado sobre um casal de velhos; o segundo, um 'road movie' pelo sertão GABRIELA LONGMAN ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO Exibidos em sequência, na quarta-feira, dois documentários conseguiram abordar de maneira distinta, quase oposta, a vida de transexuais. "El Casamiento", filme uruguaio de Aldo Garay, e "Olhe para Mim de Novo", de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, dividiram o público e esquentaram as discussões no festival, que andava morno nos dias interiores. O primeiro é um documentário delicado que acompanha a intimidade de um casal de velhos. Ela, Julia, um dia foi um homem, mas submeteu-se à cirurgia de mudança de sexo. Ele, um ex-pedreiro, queria ter nela uma mulher e conseguiu. Distanciando-se da questão sexual, o filme acompanha a convivência dos dois, do cuidado que têm um com a saúde frágil do outro, das pequenas alegrias: um corte de cabelo, um bolo de aniversário e a relação de afeto que estabelecem com o cachorro. Embora eles estejam se preparando para oficializar a união, importa menos a cerimônia do que os hábitos que os aproximam. Se "El Casamiento" é cheio de silêncios e respiros, "Olhe para Mim de Novo" é um "road movie" colorido e barulhento, no bom sentido, pelo sertão nordestino. O filme dá voz a Silvyo Luccio, um transexual masculino que viaja militando pela diversidade, num território marcado pela religião e pela cultura tradicional. Sua história e o relacionamento conflituoso com a família evangélica vão sendo costurados a outras narrativas. Mulher que se transformou em homem, Silvyo assumiu para si todas as características do nordestino: o humor safado e mesmo machista. "Mulher é que nem café: só presta se for quente", diz. A frase, uma dentre outras do gênero, deixou parte da plateia incomodada. "Eu sou o incorreto, o imperfeito, sou prisioneiro de um corpo que não é o meu", defendeu-se Silvyo Luccio, presente no festival. Seu discurso, antes da exibição do filme, emocionou a plateia. GABRIELA LONGMAN viajou a convite do 39º Festival de Cinema de Gramado Texto Anterior: Coleção traz polêmico trabalho de Bertolucci Próximo Texto: Crítica/Rap: Jay-Z e Kanye West estreiam como dupla em ótimo CD Índice | Comunicar Erros |
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