São Paulo, Quinta-feira, 12 de Agosto de 1999
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RELÂMPAGOS
Acampados

JOÃO GILBERTO NOLL

Corri tendo de um lado o ribeirão, de outro o aramado da propriedade vazia. Corri mesmo sem perseguidor à vista. Corri porque o vento da primavera meridional me forçava a uma urgência, é isso, sei lá, eu corria, corria. Quando entrei na tenda, vi o corpo a se remexer na esteira. Ou era o lençol afetado por sombras do retorcido da chama? Resolvi retirá-lo. Fiquei em dúvida se benzia o corpo, o maltratava, aquecia. Apenas chorei, construindo para tanto o meu esgar surrado. E me agreguei ao leito, gemi, me remexi até morrer também.


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