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RELÂMPAGOS
Acampados
JOÃO GILBERTO NOLL
Corri tendo de um lado o
ribeirão, de outro o aramado
da propriedade vazia. Corri
mesmo sem perseguidor à
vista. Corri porque o vento
da primavera meridional me
forçava a uma urgência, é isso, sei lá, eu corria, corria.
Quando entrei na tenda, vi o
corpo a se remexer na esteira. Ou era o lençol afetado
por sombras do retorcido da
chama? Resolvi retirá-lo. Fiquei em dúvida se benzia o
corpo, o maltratava, aquecia. Apenas chorei, construindo para tanto o meu esgar surrado. E me agreguei
ao leito, gemi, me remexi até
morrer também.
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