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MEMÓRIA
Mature nem sabia se era um ator
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
Corpo cheio de músculos, um
rosto que não chega perto de nenhum padrão de beleza vigente
e quase nenhum talento dramático, mas certo carisma e uma
presença forte na tela, garantias
de boa bilheteria. Uma figura
que impõe respeito mesmo em
roupas sumárias de gladiador
ou outro traje ridículo. Quando
interpreta um tipo urbano, nunca ultrapassa o estereótipo do
grandalhão meio bronco e de
ascendência italiana.
Não, não é Sylvester Stallone,
mas o intérprete de "Rocky" pode ser o melhor parâmetro na
tentativa de explicar às novas
gerações quem foi Victor Mature, um dos astros mais populares de Hollywood nas décadas
de 40 e 50, morto aos 84 anos no
último dia 4, vítima de câncer.
"Se eu sou um bom ator? Nem
tenho certeza de ser um ator de
verdade!", disse mais de uma
vez o homem que participou de
57 filmes entre 1939 e 1984.
Nascido em 29 de janeiro de
1915 em Louisville, no Kentucky, Mature sempre creditou
seus papéis, desde os estudos de
teatro na adolescência, ao tipo
alto e forte. "Tive sorte. São os tipos que falam pouco."
Depois de algumas peças em
Pasadena, Califórnia, o ator ganhou seus primeiros papéis no
cinema em testes. Num deles,
foi reprovado para "...E o Vento
Levou". Mas uma sucessão de
comédias e musicais, que marcariam uma parceria de quatro
filmes com a loira Betty Grable,
fez de Victor Mature um nome
quente em Hollywood.
Depois de interromper a carreira para lutar na Segunda
Guerra Mundial, Mature fez
seus dois maiores sucessos de
crítica: o papel do pistoleiro Doc
Holiday em "Paixão dos Fortes"
(1946), dirigido por John Ford, e
"Beijo da Morte" (1947), film
noir de Henry Hathaway.
Mas o filme que o marcaria
veio em 1949. Cecil B. DeMille o
escalou para ser o herói de "Sansão e Dalila". Foi o primeiro de
uma série de épicos que exibiram os músculos do ator. "É o
único filme em que o mocinho
tem os peitos maiores do que a
mocinha", disse Groucho Marx,
comparando o "Sansão" Mature e a "Dalila" Hedy Lammar.
As filas nas portas do cinema
foram retomadas em 1953 e
1954, com "O Manto Sagrado",
"Demétrio e os Gladiadores" e
"O Egípcio". Mature manteve a
figura do herói de aventuras até
1961, com menos sucesso e o
mesmo desprezo da crítica.
Quando sentiu estar velho para
enfrentar leões e gladiadores, ele
não quis arriscar personagens
maduros e se aposentou.
Mature só quebrou o jejum de
trabalho cinco vezes, para participações especiais. Duas são
memoráveis. Em "Head"
(1968), o longa-metragem malucão estrelado pelo grupo pop
da TV The Monkees, Mature interpreta a ele mesmo em versão
gigantesca, ameaçando esmagar
os músicos com os pés. Em
"Samson and Dalilah", refilmagem para a TV lançada em 1984,
ele faz o papel do pai de Sansão.
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