São Paulo, Quinta-feira, 12 de Agosto de 1999
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MEMÓRIA
Mature nem sabia se era um ator

THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Corpo cheio de músculos, um rosto que não chega perto de nenhum padrão de beleza vigente e quase nenhum talento dramático, mas certo carisma e uma presença forte na tela, garantias de boa bilheteria. Uma figura que impõe respeito mesmo em roupas sumárias de gladiador ou outro traje ridículo. Quando interpreta um tipo urbano, nunca ultrapassa o estereótipo do grandalhão meio bronco e de ascendência italiana.
Não, não é Sylvester Stallone, mas o intérprete de "Rocky" pode ser o melhor parâmetro na tentativa de explicar às novas gerações quem foi Victor Mature, um dos astros mais populares de Hollywood nas décadas de 40 e 50, morto aos 84 anos no último dia 4, vítima de câncer.
"Se eu sou um bom ator? Nem tenho certeza de ser um ator de verdade!", disse mais de uma vez o homem que participou de 57 filmes entre 1939 e 1984.
Nascido em 29 de janeiro de 1915 em Louisville, no Kentucky, Mature sempre creditou seus papéis, desde os estudos de teatro na adolescência, ao tipo alto e forte. "Tive sorte. São os tipos que falam pouco."
Depois de algumas peças em Pasadena, Califórnia, o ator ganhou seus primeiros papéis no cinema em testes. Num deles, foi reprovado para "...E o Vento Levou". Mas uma sucessão de comédias e musicais, que marcariam uma parceria de quatro filmes com a loira Betty Grable, fez de Victor Mature um nome quente em Hollywood.
Depois de interromper a carreira para lutar na Segunda Guerra Mundial, Mature fez seus dois maiores sucessos de crítica: o papel do pistoleiro Doc Holiday em "Paixão dos Fortes" (1946), dirigido por John Ford, e "Beijo da Morte" (1947), film noir de Henry Hathaway.
Mas o filme que o marcaria veio em 1949. Cecil B. DeMille o escalou para ser o herói de "Sansão e Dalila". Foi o primeiro de uma série de épicos que exibiram os músculos do ator. "É o único filme em que o mocinho tem os peitos maiores do que a mocinha", disse Groucho Marx, comparando o "Sansão" Mature e a "Dalila" Hedy Lammar.
As filas nas portas do cinema foram retomadas em 1953 e 1954, com "O Manto Sagrado", "Demétrio e os Gladiadores" e "O Egípcio". Mature manteve a figura do herói de aventuras até 1961, com menos sucesso e o mesmo desprezo da crítica. Quando sentiu estar velho para enfrentar leões e gladiadores, ele não quis arriscar personagens maduros e se aposentou.
Mature só quebrou o jejum de trabalho cinco vezes, para participações especiais. Duas são memoráveis. Em "Head" (1968), o longa-metragem malucão estrelado pelo grupo pop da TV The Monkees, Mature interpreta a ele mesmo em versão gigantesca, ameaçando esmagar os músicos com os pés. Em "Samson and Dalilah", refilmagem para a TV lançada em 1984, ele faz o papel do pai de Sansão.


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