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ARTES PLÁSTICAS
Articulação entre as artes e outras disciplinas vai nortear primeira mostra do próximo milênio
Bienal prepara expansão para 2001
JULIANA MONACHESI
free-lance para a Folha
Multidisciplinaridade e expansão do conceito de exposição são
as idéias que vão nortear a próxima Bienal Internacional de São
Paulo. De acordo com o presidente da Fundação Bienal, Carlos
Bratke, a 25ª edição do evento vai
estar muito baseada no livro "Seis
Propostas para o Próximo Milênio", de Ítalo Calvino.
"A última Bienal representou
bem o fim de um século, foi pesada em termos de tema. Queremos
que a próxima esteja relacionada
ao futuro", afirma o Bratke.
Prevista para acontecer entre
março e maio de 2001, a primeira
Bienal do novo milênio está apenas começando a ser pensada. E a
inspiração no livro de Ítalo Calvino, série de conferências que o autor fez para a Universidade de
Harvard sobre as virtudes que a literatura deveria manter no futuro, não é a única pista sobre ela.
No quesito multidisciplinaridade, a proposta da curadoria é explorar áreas como design, cinema, literatura, música, teoria, filosofia e ciência. Apesar do estranhamento que pode causar a inclusão desses temas em uma mostra de artes plásticas, trata-se de
um passo que a Bienal dá no caminho de complexidade que vem
trilhando desde a última edição.
"Achamos que isso é o caminho
mais contemporâneo que a Bienal
pode tomar, estabelecendo articulações com outras disciplinas",
esclarece Adriano Pedrosa, curador associado do evento. A curadoria-geral é de Ivo Mesquita.
Pedrosa explica que os conceitos de prática e objeto cultural
não se restringem à arte. "Não se
trata de dizer que design é arte,
mas de explorar a relação que pode ser estabelecida entre diversos
objetos", afirma.
Carlos Bratke cita como exemplo disso a possibilidade de trazer
móveis do designer Philip Stark à
Bienal. "Na Bienal de Veneza vimos muita instalação que se aproximava da arquitetura, muita
projeção, arte tecnológica e utilização de música. As artes estão
todas se encaixando", diz.
Mudanças conceituais na utilização do espaço museológico e na
apresentação das participações
oficiais são outras novidades que
Adriano Pedrosa ressalta para a
25ª Bienal. "Por não ter as particularidades de um museu, uma
mostra temporária oferece os
modos mais inovadores de construção de uma exposição", diz.
Tudo indica, por exemplo, que
a próxima Bienal vai extrapolar os
limites do pavilhão no Ibirapuera.
"Uma exposição como essa não
deve se limitar a acontecer dentro
de uma caixa", afirma Pedrosa.
Essa "abertura" da Bienal é tanto conceitual -usar as publicações e o website como suportes da
exposição e promover conferências- quanto literal: "Estaria
contemplada por esse conceito a
idéia de que partes da Bienal
acontecessem fora do pavilhão".
A curadoria tem um projeto de
usar o espaço museológico dessa
vez para fazer uma retrospectiva
das Bienais de São Paulo, trazendo importantes obras que tenham estado nas outras mostras,
já que o evento estará completando 50 anos em 2001.
Ainda não se fala em nomes de
artistas que participarão da 25ª
Bienal, mas Bratke mencionou a
possibilidade de trazer o americano Richard Serra para fazer suas
esculturas monumentais na própria Bienal, devido à dificuldade
de transportá-las.
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