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ERUDITO
Neto de compositor húngaro, maestro toca hoje e amanhã na Sala São Paulo com a Orquestra Sinfônica da NDR de Hamburgo
Dohnányi traz noites russa e germânica a São Paulo
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A orquestra já esteve por aqui
duas vezes, mas, para o maestro, é
estréia brasileira. Depois de cancelar sua anunciada vinda ao Brasil com a Orquestra de Cleveland,
em 2001, Christoph von Dohnányi chega a São Paulo com a Orquestra Sinfônica da NDR de
Hamburgo.
Embora seja neto do compositor húngaro Ernst von Dohnányi
(1877-1960), Christoph, nascido
em Berlim, não se tornou músico
profissional logo de cara e chegou
a estudar direito.
Convidado constante do prestigiado Festival de Salzburgo, na
Áustria, gravou várias óperas com
a Filarmônica de Viena para o selo London/Decca. Seu reinado em
Cleveland durou 18 anos, entre
1984 e 2002.
Atualmente, está na segunda
temporada como diretor artístico
da NDR. É ainda o regente principal da Orquestra Filarmônica de
Londres desde 97.
"É difícil comparar uma orquestra alemã com uma orquestra americana, porque nem todas
as orquestras da Alemanha são
iguais entre si, e o mesmo vale para as dos EUA", diz. "Além disso,
enquanto a Orquestra de Cleveland começou formada por estrangeiros e foi se "americanizando" ao longo dos tempos, a de
Hamburgo começou 100% germânica e foi incorporando gradativamente gente de fora."
Com relação à Filarmônica, a situação é ainda mais peculiar. "Estamos sem sala de concertos, porque o Festival Hall se encontra em
reformas. Além disso, trata-se de
uma orquestra londrina que não
tem apoio estatal e se sustenta na
base da bilheteria. Portanto, eles
têm que trabalhar com regentes
que dêem retorno imediato."
Fundada em 1945, a sinfônica
que Dohnányi dirige em São Paulo, na série do Mozarteum Brasileiro, já tocou por aqui em 1997 e
em 2002 e está ligada à NDR,
emissora de rádio e TV do norte
da Alemanha, sediada em Hamburgo.
Para o programa das apresentações em São Paulo, haverá hoje
uma "noite russa" (com "Petruchka", de Stravinski, e a
"Quarta Sinfonia" de Tchaikóvski), ficando para amanhã o repertório germânico, integrado por
Wagner ("Prelúdio do 1º Ato de
Lohengrin"), Richard Strauss
("Till Eulenspiegel") e Beethoven
("Sinfonia nº 7").
O programa de terça-feira é iniciado por uma peça contemporânea: "Atmosphères", do húngaro
György Ligeti, 82, cujas obras o cineasta Stanley Kubrick utilizou
em filmes como "De Olhos Bem
Fechados" e "2001: Uma Odisséia
no Espaço". "Ligeti é um dos
maiores compositores da atualidade, e acho que funciona bem
colocá-lo antes de Wagner", afirma Dohnányi. "Quero ver como o
público vai reagir, pois é uma
obra que demanda muito silêncio
e concentração."
Para Dohnányi, Ligeti vai ajudar
a platéia a receber melhor Wagner. "Para quem está assistindo, é
impressionante a experiência de
experimentar a tonalidade depois
de ter sido submetido ao "caos organizado", que é a sensação que a
música contemporânea passa."
O regente tem insistido para
que a orquestra de Hamburgo inclua autores vivos em seu repertório. "Recentemente, fizemos a estréia de uma obra de Hans Werner Henze. Além do repertório
clássico e romântico, é necessário
estar aberto aos criadores atuais",
afirma ele.
Orquestra Sinfônica da NDR de Hamburgo
Regente: Christoph von Dohnányi
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, centro, tel. 0/xx/11/3337-5414)
Quanto: R$ 100 a R$ 300
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