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CINEMA
Autor de "O Manual do Roteiro", em São Paulo para um workshop, afirma à Folha que país é "baú de tesouros'
Brasil vive momento especial, diz Syd Field
ALEXANDRE MARON
da Reportagem Local
Um baú que esconde tesouros.
Assim o professor norte-americano Syd Field define o Brasil. Field
ministrou ontem no Museu da
Imagem e do Som de São Paulo um
workshop para 75 estudantes de
cursos de cinema.
O professor, que diz estar "na casa dos 50", tornou-se uma espécie
de guru da indústria cinematográfica americana ao escrever "O Manual do Roteiro". No livro, estabeleceu um modelo de estrutura para
o aspirante a escritor.
Seu modelo foi adotado por nove
entre dez roteiristas norte-americanos e Field tornou-se consultor
de cineastas como Rolland Joffé
("A Missão"), James L. Brooks
("Melhor É Impossível") e roteiristas como Laura Esquivel ("Como
Água para Chocolate"). Mas sua
estrutura foi acusada de "engessar" a forma dos filmes, tornando-os muito parecidos.
"Se você olhar para algumas valises, notará que todas são iguais,
mas há diferenças entre elas, embora todas sejam valises. São diferenças de modelos, tamanhos, material e utilidade. Em filmes, há um
início, meio e fim, não necessariamente nessa ordem", explicou
Field à Folha.
O professor norte-americano
afirma que o Brasil vive um momento especial com a retomada de
produção. Ele diz que o brasileiro
deve preocupar-se em contar histórias que ele considera "interessantes", como a da construção de
capital, Brasília.
É a sexta vez que Field vem ao
país, sempre para administrar cursos, mas a cada ano trabalhou com
profissionais de níveis diferentes.
Ele ministrou workshops e mesmo
oficinas de duas semanas a roteiristas profissionais, iniciantes e cineastas.
No entender de Field, os roteiros
tendem a melhorar com o passar
do tempo. Na década de 70, surgiu
uma geração que cresceu vendo filmes de todos os tipos no videocassete e na TV e acabou por dominar
melhor a linguagem audiovisual.
"Eles assistiram a mais filmes do
que Robert Towne (que escreveu
"Chinatown', roteiro preferido de
Field). Nessa geração, houve uma
evolução do ofício de contar uma
história visualmente. Para eles é
uma forma totalmente natural",
diz Field.
O professor já assistiu a alguns
filmes brasileiros como "Pequeno
Dicionário Amoroso" e "Como Ser
Solteiro". Mas os que realmente
gostou foram "O Quatrilho" e "O
Que É Isso, Companheiro?", que
concorreram ao Oscar de melhor
filme estrangeiro nos dois últimos
anos.
Para ele, a troca de foco narrativo
que acontece em "O Quatrilho" é
algo diferente. "Gosto do jeito como a história do filme começa
num casal e muda o eixo para terminar em outro. O filme é muito
interessante."
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