São Paulo, sábado, 12 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lutadores viram atores

da Agência Folha, em Cascavel

O cinema produzido em Cascavel economiza ao não gastar com atores. Ninguém recebe para trabalhar. São atores de teatro amador da região, em busca de espaço, lutadores de artes marciais e a população em geral.
Acir Kochmanski, por exemplo, mobilizou uma comunidade rural inteira do interior de Cascavel para fazer "Chuva de Linguiça".
O investigador de polícia do distrito de São Salvador (zona rural de Cascavel) virou padre no filme, um locutor sertanejo se transformou no "compadre" do personagem principal Juvêncio (Acir Kochmanski), e as locações foram realizadas em propriedades rurais da região.
A ligação de Talício Sirino com adeptos de artes marciais facilitou também a requisição de atores para interpretar o papel de bandidos nos filmes da Tigre Produções Cinematográficas.
"Como tem muita gente que pratica algum tipo de luta, partimos para filmes de ação, com muitas brigas. Você acaba não precisando de muita interpretação nas lutas, pois o pessoal pega para valer mesmo", afirma Antônio Marcos Ferreira, diretor da Tigre.
Francisco Portela, 34, recepcionista de um hotel no centro de Cascavel é um exemplo de ator-lutador. Lutador de vale-tudo, ele acabou ganhando uma imagem de vilão na região. Portela atua como bandido em filmes como "Chuva de Linguiça", "Acerto Final" e "Fronteira Sem Destino".
Portela conta que, há um mês, foi surpreendido com a reação de um garoto de sete anos em um supermercado na cidade.
"O garoto me viu, armou o maior berreiro, pensando que eu ia assaltar o local. Foi preciso que os pais dele me convidassem a ir para sua casa para que o garoto se convencesse que o vilão só existia nos filmes." (JM)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.