LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Se foi mesmo uma despedida das turnês, o inglês Eric Clapton faz no Brasil o que se convencionou chamar de "saída à francesa".
No estádio Olímpico, em Porto Alegre, o guitarrista fez anteontem uma apresentação sem apelo a recursos tecnológicos e tocou 19 músicas durante duas horas, limitando-se a breves "thank you" na sua comunicação com o público de 30 mil pessoas.
O curioso é que, mesmo assim, a empatia foi eficiente. Parece que, aos 56 anos, o autor de "Layla" não precisa dizer mais nada. Subiu ao palco sem maiores pirotecnias, vestindo uma singela camiseta branca combinada com uma calça jeans. Sentou-se com seu violão às 21h10 (quase sem atraso) e começou a dedilhá-lo. Pegou sua guitarra Stratocaster só na sétima música, levantando-se para fazer solos distorcidos.
Foi um show de competência, ajudado por uma acústica límpida. No início, tocou a bossa "Reptile", do seu novo disco. Ainda sentado e dedicado a um momento acústico, emocionou o público com a triste "Tears in Heaven", uma homenagem ao filho morto.
O público ficou atento ao desempenho do artista, que procurou evitar manifestações capazes de suplantar suas músicas, nas quais mostrou várias facetas: a do purista do blues, do roqueiro, da estrela pop e do solista.
Perto do fim, a contemplação do público foi trocada pela vibração com "Cocaine" e "Wonderful Tonight". Em seguida, o delírio se mostrou com "Layla". Na despedida, Clapton tocou a versão acústica de "Over the Rainbow", tema do filme "O Mágico de Oz".
Quem chegou ao estádio antes das 20h pôde fazer um belo aquecimento. A abertura feita por Frejat, em 45 minutos muito bem aproveitados, agradou.
O músico brasileiro foi favorecido pelo fato de que a maioria das pessoas chegou cedo. Com canções próprias e adaptações de Gang 90 e Moreira da Silva, por exemplo, Frejat preparou o clima para o show de Clapton.
Em um momento especial, Frejat anunciou: "Vou tocar um blues". Empunhou a guitarra e cantou "Blues Piedade", com acompanhamento do público.