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ENTRELINHAS
Balanço brasileiro em Frankfurt
CASSIANO ELEK MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
Não foi "olha que coisa
mais linda, mais cheia de
graça", mas o balanço do Brasil
que foi este ano à Feira de
Frankfurt exibe alguma bossa.
Dois exemplos:
1) É verde-amarelo, quer goste
quer não, um dos maiores negócios fechados na meca do mercado editorial. Algo em torno de
6 milhões de euros (cerca de R$
23 milhões) foi o que Paulo Coelho arrecadou com a venda de
seu "11 Minutos", próximo romance, para empresas top ten
como HarperCollins (Reino
Unido), Bompiani (Itália), Planeta (Espanha) e Diógenes (Alemanha). A saga da prostituta
Maria deve sair no Brasil pela
Objetiva em maio próximo.
2) Também brasileiro foi um
dos depoimentos com mais eco
na feira. No Encontro Internacional de Direitos Autorais, o
presidente da editora Record,
Sérgio Machado, defendeu que
países em desenvolvimento deveriam receber condições especiais de negociações com editoras de países desenvolvidos.
O pronunciamento rendeu capa do jornal especializado "The
Bookseller", que afirmou que o
governo do Reino Unido estuda
a volta de subsídios para edição
de livros em países pobres.
FORA DA ESTANTE
Enquanto em Frankfurt se
negociam os direitos do nono livro de Irvine Welsh,
"Porno", o Brasil segue ignorando todos eles, a começar
pelo primeiro e mais importante. "Trainspotting", que o
autor escocês lançou em
1993, é um dos livros fundadores do que hoje se chama
de literatura pop. Transformado em filme três anos depois, a história dark de sexo,
drogas, muitas drogas, e algum rock explodiu em todo
o mundo, menos aqui.
BALANÇO COMERCIAL
Vendemos Coelho,
compramos Virginia Woolf.
Esquecida por aqui, uma das
maiores escritoras da língua
inglesa vai voltar à ativa no
Brasil. Foi em mesa
frankfurtiana que a Cosac &
Naify arrebatou cinco
romances da inglesa (1882-1941): "Orlando" e "Mrs.
Dalloway" devem sair
primeiro.
PRETÉRITO IMPERFEITO
No ano do Nobel a um
sobrevivente de Auschwitz, a
Alemanha desenterrou uma
pedrona no sapato. A
Bertelsmann, gigante editorial
alemã, reconheceu em nota
oficial que mentiu sobre seu
passado e que teve grandes
lucros no período nazista
usando trabalho escravo de
judeus da Letônia, Alemanha e
Lituânia, por sinal o país
homenageado este ano.
SÓ CRISTO (E POTTER) SALVA
De um dos diretores da Feira
sobre o pessimismo no
mercado alemão. A indústria
editorial depende do
protagonismo de dois jovens:
Jesus Cristo e Harry Potter.
E-mail:
elek@folhasp.com.br
TERÇA Com o trunfo de um poema de Samuel Beckett em tradução nova será lançado às 20h o segundo número da revista literária
"Coyote", no Juke Joint (r. Frei Caneca, 304, SP).
SEXTA Abre
para o público a primeira edição da Primavera do Livro em SP. Cerca de 70 editoras terão estandes no Centro Cultural Sao Paulo.
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