São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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ENTRELINHAS

Balanço brasileiro em Frankfurt

CASSIANO ELEK MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT

Não foi "olha que coisa mais linda, mais cheia de graça", mas o balanço do Brasil que foi este ano à Feira de Frankfurt exibe alguma bossa. Dois exemplos:
1) É verde-amarelo, quer goste quer não, um dos maiores negócios fechados na meca do mercado editorial. Algo em torno de 6 milhões de euros (cerca de R$ 23 milhões) foi o que Paulo Coelho arrecadou com a venda de seu "11 Minutos", próximo romance, para empresas top ten como HarperCollins (Reino Unido), Bompiani (Itália), Planeta (Espanha) e Diógenes (Alemanha). A saga da prostituta Maria deve sair no Brasil pela Objetiva em maio próximo.
2) Também brasileiro foi um dos depoimentos com mais eco na feira. No Encontro Internacional de Direitos Autorais, o presidente da editora Record, Sérgio Machado, defendeu que países em desenvolvimento deveriam receber condições especiais de negociações com editoras de países desenvolvidos.
O pronunciamento rendeu capa do jornal especializado "The Bookseller", que afirmou que o governo do Reino Unido estuda a volta de subsídios para edição de livros em países pobres.

FORA DA ESTANTE

Enquanto em Frankfurt se negociam os direitos do nono livro de Irvine Welsh, "Porno", o Brasil segue ignorando todos eles, a começar pelo primeiro e mais importante. "Trainspotting", que o autor escocês lançou em 1993, é um dos livros fundadores do que hoje se chama de literatura pop. Transformado em filme três anos depois, a história dark de sexo, drogas, muitas drogas, e algum rock explodiu em todo o mundo, menos aqui.

BALANÇO COMERCIAL
Vendemos Coelho, compramos Virginia Woolf. Esquecida por aqui, uma das maiores escritoras da língua inglesa vai voltar à ativa no Brasil. Foi em mesa frankfurtiana que a Cosac & Naify arrebatou cinco romances da inglesa (1882-1941): "Orlando" e "Mrs. Dalloway" devem sair primeiro.

PRETÉRITO IMPERFEITO
No ano do Nobel a um sobrevivente de Auschwitz, a Alemanha desenterrou uma pedrona no sapato. A Bertelsmann, gigante editorial alemã, reconheceu em nota oficial que mentiu sobre seu passado e que teve grandes lucros no período nazista usando trabalho escravo de judeus da Letônia, Alemanha e Lituânia, por sinal o país homenageado este ano.

SÓ CRISTO (E POTTER) SALVA
De um dos diretores da Feira sobre o pessimismo no mercado alemão. A indústria editorial depende do protagonismo de dois jovens: Jesus Cristo e Harry Potter.

E-mail:
elek@folhasp.com.br

  TERÇA Com o trunfo de um poema de Samuel Beckett em tradução nova será lançado às 20h o segundo número da revista literária "Coyote", no Juke Joint (r. Frei Caneca, 304, SP).
  SEXTA Abre para o público a primeira edição da Primavera do Livro em SP. Cerca de 70 editoras terão estandes no Centro Cultural Sao Paulo.


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