São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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ARTES

Francesa aceita convite para fazer a curadoria do Panorama de 2003, em contraponto à exposição do ano anterior

Catherine David organiza mostra do MAM

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os curadores estrangeiros invadem o Brasil. Primeiro foi o alemão Alfons Hug na Bienal de São Paulo, já confirmado para cuidar também da próxima edição do evento, em 2004. Depois, os belgas Jan Hoet e Philippe van Cauteren, que cuidam da Bienal Ceará América, que deve ser aberta em dezembro, em Fortaleza.
Agora, a francesa Catherine David acaba de aceitar o convite para ser a curadora do Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), no próximo ano. David irá formalizar seu engajamento na mostra nos próximos dias, quando deverá entregar o projeto detalhado de sua curadoria.
Será que há uma falta de curadores brasileiros? "Não posso falar pelos outros museus, mas nós temos trabalhado basicamente com curadores brasileiros. A opção por Catherine David é fazer um contraponto ao Panorama passado", afirma Rejane Cintrão, curadora-executiva do museu.
David aceitou o convite no último fim de semana, durante sua passagem por São Paulo, e irá formalizar sua proposta em breve. "Eu não teria como organizar um Panorama com a jovem produção brasileira, mas sim apresentar uma visão retrospectiva com obras emblemáticas", disse a curadora à Folha, na semana passada. "Queremos justamente um olhar estrangeiro sobre a produção brasileira, já que, ultimamente, parece que sempre se fala dos mesmos", afirma Cintrão.
A participação de Catherine David foi aceita, "com entusiasmo", segundo Cintrão, pelo recém-empossado Conselho Curatorial do MAM, composto por Tadeu Chiarelli, Maria Alice Milliet e Felipe Chaimovich.
A curadora francesa acaba de anunciar a realização do projeto São Paulo S.A., uma iniciativa sediada no edifício Copan, no centro da cidade, que irá fazer um mapeamento da produção cultural na cidade e realizar residências artísticas, entre outras iniciativas. David volta a São Paulo, no próximo mês, para um seminário do projeto.
"Eu não sabia do envolvimento de Catherine com o projeto no Copan. Fiz o convite pelo conhecimento a partir de seu trabalho na Documenta de Kassel, em 1997, quando apresentou diversos brasileiros", diz Cintrão.
De fato, a presença da curadora é tão frequente no país que seu português é fluente. Em 1997, para a Documenta, David levou obras de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Tunga e Cabelo.
Já na 24ª Bienal de São Paulo, com curadoria de Paulo Herkenhoff, ela escreveu para o catálogo da mostra o texto "Antropofagia e Cinema(s)". No último sábado, David abriu a retrospectiva de dez anos de trabalhos da dupla Maurício Dias e Walter Riedweg, no Centro Cultural Banco do Brasil, do Rio, sob sua curadoria.
O Panorama será aberto no dia 25 de setembro do próximo ano. É a primeira vez que uma mulher cuida da mostra, segundo o formato inaugurado por Ivo Mesquita, em 1995. Na última edição, a exposição foi organizada pelo trio Ricardo Resende, Ricardo Basbaum e Paulo Reis.


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