São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2004

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O Super-Homem do cinema Christopher Reeve morre aos 52 anos

Associated Press
O ator Christopher Reeve no célebre papel de Super-Homem


Ator, tetraplégico desde 95, assumiu a militância a favor de pesquisa sobre células-tronco

DA REDAÇÃO

O ator Christopher Reeve, que ficou célebre ao interpretar o papel de Super-Homem em quatro filmes, morreu anteontem no hospital Northern Westchester, de Nova York (EUA), devido a uma parada cardíaca, segundo informou seu agente.
Reeve, 52, entrou em coma no último sábado, quando sofreu um ataque cardíaco durante o tratamento de uma ferida infectada, e morreu na tarde de anteontem sem recobrar a consciência.
O ator sofreu um grave acidente em maio de 1995, quando caiu de um cavalo e quebrou duas vértebras, ficando completamente imóvel do pescoço para baixo. Passou por longas terapias para conseguir respirar com menos ajuda de aparelhos e se tornou um ativista pelos direitos dos deficientes, criando inclusive a Fundação Christopher Reeve para a Paralisia, em 1999.
Em 2000, Reeve conseguiu mover o dedo indicador e fez um trabalho especializado de musculação, que deixou suas pernas e braços mais fortes. Ele também voltou a ter sensibilidade em outras partes de seu corpo, determinando-se a voltar a andar.
"Eu me recuso a permitir que uma deficiência determine meu modo de vida. Não quero ser inconseqüente, mas estabelecer um objetivo que parece um pouco amedrontador é muito útil para a recuperação", disse à época.
O dr. Raymond Onders, que em uma cirurgia inovadora implantou eletrodos no diafragma do ator para ajudá-lo a respirar, disse que Reeve tinha "muita compaixão". "Apesar de lutar contra sua própria deficiência, ainda ajudou pacientes em todo o mundo com o mesmo tipo de problema."
O médico afirmou que, além de úlcera, Reeve teve "outros problemas na semana passada". "Muitos problemas diferentes se desenvolvem ao longo de nove anos sem ser capaz de se mover."
Em anos recentes, Reeve fez campanha pela pesquisa com células-tronco e a possibilidade de uso destas para recuperar as células danificadas em casos como o seu. Seu lobby ajudou o tema a se destacar na campanha presidencial dos EUA deste ano, o que levou o candidato democrata John Kerry a mencionar seu nome no segundo debate entre ele e George Bush, na última sexta-feira.
O ator também era ativista da Unicef, da Anistia Internacional e da ecologia. Junto com os também atores Susan Sarandon e Alec Baldwin, fundou ainda a Coalizão Criativa, um grupo de ajuda a pessoas sem casa.
Mesmo tetraplégico, Reeve voltou ao cinema depois do acidente, como diretor, produtor e ator. Dentre outros, atuou na refilmagem de "Janela Indiscreta", de Alfred Hitchcock, em 1998. Uma de suas últimas participações foi no seriado de televisão "Smallville", que conta as aventuras do adolescente Clark Kent antes de se tornar o Super-Homem.
Escreveu a biografia "Ainda Sou Eu - Memórias" (ed. DBA; R$ 34), recém-lançada no Brasil, cuja transcrição a disco lhe valeu o Grammy de melhor álbum falado de 1999. Em 2002, publicou "Nothing Is Impossible: Reflections of a New Life" (Nada É Impossível: Reflexões de uma Vida Nova).
Nascido em 25 de setembro de 1952, em Nova York, filho de um professor de inglês e de uma jornalista, Reeve era praticamente desconhecido quando foi escolhido entre 200 candidatos -incluindo Paul Newman, Robert Redford, Arnold Schwarzenegger e Charles Bronson- para o papel principal de "Superman" (1978), de Richard Donner.
O ator também participou de outras produções de sucesso como "Em Algum Lugar do Passado" (1980), de Jeannot Szwarc, no qual interpretava um escritor de teatro, e "Vestígios do Dia" (1993), de James Ivory, no qual vive um aristocrata britânico.
Reeve tinha dois filhos -Matthew, 25, e Alexandra, 21- de um relacionamento com a modelo Gae Exton, que ele conheceu durante as filmagens de "Superman", e um terceiro filho -Will, de 12 anos- com sua atual mulher, a atriz Dana Morosini, com quem se casou em 1992.
Ela agradeceu "aos milhões de fãs do mundo todo, que apoiaram e amaram meu marido ao longo dos anos".

Com agências internacionais

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