São Paulo, segunda, 12 de outubro de 1998

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RELÂMPAGOS
Leve seio

JOÃO GILBERTO NOLL
² "Queres um punhado de terra?", perguntei à neblina. Poderia ter perguntado à ranhura na porta, mas não, fui até a vidraça e perguntei à neblina que me vedava a paisagem. Naquela casa circulava uma fala secreta, como se o feérico campo em volta despertasse o avesso: o escavado anseio de água noturna, cerrada em sua incumbência de se afastar da insalubre demasia dos anseios. O dia agora arrasara por completo a névoa. E dessa vez foi tão grave a claridade que o fluxo de energias pareceu engarrafado, inoperante. A minha idéia recostou-se atordoada. Mas logo irrompeu de si mesma. E acabou gerando um leve seio.



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