São Paulo, segunda, 12 de outubro de 1998

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Anastasia

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

Quando 'Ànastasia" foi lançado nos cinemas, a cineasta Tata Amaral definiu-o com implacável precisão: "Bonitinho, mas reacionário". Claro que sempre se pode formular o mesmo juízo ao contrário: "Reacionário, mas bonitinho".
Na verdade, o que há de politicamente conservador no desenho -o fato de apresentar a Rússia czarista como um paraíso destruído pelos bárbaros na Revolução de 1917- acaba sendo ofuscado pela abordagem evidentemente romântica da história da última princesinha russa.
No filme, o verdadeiro inimigo de Anastasia não são os bolcheviques, mas o malvado Rasputin, antigo conselheiro do czar.
Rejeitado pela corte, o vingativo Rasputin faz um pacto com as forças das trevas para destruir a dinastia Romanov.
A avó de Anastasia consegue escapar dos revolucionários com a netinha, mas esta se perde dela durante a fuga para Paris, e é criada como órfã, sem saber quem é.
Sua aventura consistirá em redescobrir seu passado e ir encontrar-se com a avó em Paris.
Claro que, para conseguir isso, contará com a ajuda do trapaceiro Dimitri, com quem desenvolverá a tradicional relação de amor e ódio que caracteriza as comédias românticas pelo menos desde Spencer Tracy e Katherine Hepburn.
Apresentado como "o primeiro desenho animado da Fox", 'Ànastasia" lembra em tudo as grandes produções Disney, como já acontecia, aliás, com os trabalhos anteriores da dupla Don Bluth-Gary Goldman, "Fievel" e 'Èm Busca do Vale Encantado".
Sem falar na extrema qualidade técnica do desenho e da animação -com imagens plenas de profundidade, movimento e detalhe-, o "padrão Disney" é reconhecido em toda parte: na alternância entre sequências narrativas e números musicais, nos poderes cósmicos do vilão, na utilização de coadjuvantes cômicos ou trapalhões, como o morcego albino Bartok e o gordo ex-aristocrata Vladimir.
Há uma novidade politicamente correta: Anastasia é uma heroína ativa (é ela que vence Rasputin e salva Dimitri), e não apenas objeto da ação alheia.
'Ànastasia" foi indicado para os Oscars de canção original ("Journey to the Past") e trilha sonora de comédia musical.



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