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Artista resiste a concessões
CARLOS CALADO
especial para a Folha
Fosse outra cantora, 30 anos de
carreira dificilmente deixariam de
ser comemorados com um disco
repleto de convidados, regravações de velhos sucessos ou mesmo
algum suspeito "unplugged".
Porém, tratando-se de uma artista rebelde e tão autocentrada como
Joni Mitchell, a efeméride foi mandada às favas com dignidade.
Quatro anos após seu último álbum de canções inéditas, ela volta
atrás na decisão de abandonar a
carreira musical, mas continua tão
avessa a concessões quanto antes.
"Taming the Tiger" (Domando o
Tigre) é metáfora para representar
sua conflituosa relação com a indústria musical. "Você não pode
domar o tigre", reconhece ela, na
canção que dá título ao disco.
Quem está acostumado ao som
acústico de Joni notará que a eletrônica ganhou espaço, como em
"Harlem in Havana", que mistura
teclados e o sax de Wayne Shorter.
Em outras faixas, como "Love
Puts on a New Face" e "Lead Balloon", o violão da cantora, invariavelmente tocado com diversas
afinações, ganha sonoridade mais
elétrica e metálica.
Não faltam também canções introspectivas e perturbadoras, como a sensível "Face Lift", flagrante
do conflito entre mãe e filha.
Joni Mitchell pode ter chegado à
conclusão de que jamais conseguirá amansar o mercado, mas a recíproca também vale: o showbiz tem
sido incapaz de domesticá-la.
²
Disco: Taming the Tiger
Artista: Joni Mitchell
Lançamento: Reprise/Warner (chega às
lojas até o fim do mês)
Quanto: R$ 18, em média
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