São Paulo, segunda, 12 de outubro de 1998

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Artista resiste a concessões

CARLOS CALADO
especial para a Folha

Fosse outra cantora, 30 anos de carreira dificilmente deixariam de ser comemorados com um disco repleto de convidados, regravações de velhos sucessos ou mesmo algum suspeito "unplugged".
Porém, tratando-se de uma artista rebelde e tão autocentrada como Joni Mitchell, a efeméride foi mandada às favas com dignidade.
Quatro anos após seu último álbum de canções inéditas, ela volta atrás na decisão de abandonar a carreira musical, mas continua tão avessa a concessões quanto antes.
"Taming the Tiger" (Domando o Tigre) é metáfora para representar sua conflituosa relação com a indústria musical. "Você não pode domar o tigre", reconhece ela, na canção que dá título ao disco.
Quem está acostumado ao som acústico de Joni notará que a eletrônica ganhou espaço, como em "Harlem in Havana", que mistura teclados e o sax de Wayne Shorter.
Em outras faixas, como "Love Puts on a New Face" e "Lead Balloon", o violão da cantora, invariavelmente tocado com diversas afinações, ganha sonoridade mais elétrica e metálica.
Não faltam também canções introspectivas e perturbadoras, como a sensível "Face Lift", flagrante do conflito entre mãe e filha.
Joni Mitchell pode ter chegado à conclusão de que jamais conseguirá amansar o mercado, mas a recíproca também vale: o showbiz tem sido incapaz de domesticá-la.
²
Disco: Taming the Tiger Artista: Joni Mitchell Lançamento: Reprise/Warner (chega às lojas até o fim do mês) Quanto: R$ 18, em média


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