PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
enviado especial a Porto Alegre (RS)

Criador dos Freak Brothers e, com Robert Crumb, um dos principais expoentes dos quadrinhos "underground" norte-americanos, o cartunista Gilbert Shelton palestrou anteontem na 43ª Feira do Livro de Porto Alegre.
O público que foi à palestra foi premiado com duas novidades relacionadas ao quadrinhista texano: a produção de um filme com seus personagens mais famosos, os Freak Brothers, e a apresentação de sua nova criação, o grupo de música punk Not Quite Dead (leia texto nesta página).
O filme com os "freaks" (excêntricos) Fat Freddy, Phineas Freak e Freewhelin Franklin passa por uma situação complicada.
Pela quarta vez Shelton permitiu que seus personagens saltassem das HQs para as telas do cinema, já que em nenhuma das vezes anteriores a produção do filme chegou "às vias de fato".
A palestra estava prevista para ser uma mesa-redonda. Estiveram presentes a agente literária Lora Fauntaine, esposa de Shelton, o jornalista Eduardo Bueno, o produtor musical Carlos Eduardo Miranda e o quadrinhista Adão Iturrusgarai, colaborador da Folha.
Entretanto, logo que começou a mesa, às 15h de anteontem, no Clube dos Comerciantes, centro da capital gaúcha, ficou claro que tudo giraria em torno de Shelton.
Munido de cerca de 90 slides, Shelton apresentou um panorama de sua carreira. Ele mostrou desde os desenhos de seu primeiro personagem, Wonder Wart Hog, até o recente Not Quite Dead.
Mas o grande foco da discussão foram os Freak Brothers. Surgidos na década de 60, "quando todos os assuntos estavam relacionados às drogas", segundo Shelton, os Freak Brothers, uma paródia aos irmãos Marx, apareciam em histórias originais e bem-humoradas, quase sempre acompanhados por altas doses de maconha.