DA REPORTAGEM LOCAL

Com duas exibições no Mix Brasil, o filme "Temendo a Deus", do diretor norte-americano Sandi Dubowski, é um documentário de 84 minutos que investiga a vida de judeus ortodoxos homossexuais. A intenção do filme é quebrar preconceitos sobre fé, sexualidade e fundamentalismo religioso.
Leia abaixo entrevista com o diretor Dubowski, que estará no Brasil para apresentar seu filme (20h de domingo e 22h da terça que vem, ambas as sessões no Espaço Unibanco 1).

Folha - Por que fazer um filme relacionando a homossexualidade com a religião?
Sandi Dubowski - O filme começou como uma espécie de investigação de que, queiram ou não, existe homossexualismo no mundo ortodoxo. Mas acabou se tornando muito maior, global e complexo. Tendo sido criado como um judeu conservador e nunca tendo conhecido um homossexual ortodoxo, comecei a encontrar pessoas que eram expulsas de suas famílias e escolas religiosas ou que traíam suas mulheres e maridos.

Folha - Quais as dificuldades de lidar com esse assunto?
Dubowski - Passei cinco anos cruzando o planeta, tentando achar pessoas que falassem, mesmo que fosse mostrando apenas o perfil e tivessem a voz mudada. Foi quase impossível.

Folha - Acha que o filme contribui para que homossexuais se assumam em suas religiões?
Dubowski - Eu acho que muitos gays e lésbicas dos anos 70 deixaram suas casas para viver em guetos como Greenwich Village, West Hollywood ou San Francisco. Acho que nossa época está mais para "nós não vamos partir, nós amamos nossas comunidades e lugares de origem". A onda de liberação gay agora está nas comunidades religiosas e rurais.

Folha - Você acha possível assumir a homossexualidade e ser religioso ao mesmo tempo, com apoio da igreja?
Dubowski - Quinze sinagogas ortodoxas, no Canadá, EUA e Inglaterra, nos convidaram para exibir o filme. Pelo menos o assunto está sendo discutido.



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