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Conflito com o Vaticano inspira documentário
DA REPORTAGEM LOCAL
O conflito entre o Vaticano e
a Parada do Orgulho Gay em
Roma é o mote do documentário de 94 minutos "O Diabo na
Água Benta", do diretor canadense Joe Balass.
Balass deve estar em São Paulo para acompanhar as duas últimas sessões de seu filme (que
está programado para esta sexta, às 12h30, no CCBB; sábado,
23, às 18h30 no CCBB, e domingo, 24, às 18h no MAM).
Abaixo, entrevista com ele.
Folha - Por que fazer um filme
relacionando a homossexualidade com a religião?
Joe Balass - Muitas vezes os
conflitos religiosos dominam
as notícias mundiais, mas nós
tendemos a vê-las de uma perspectiva limitada, focada nos
conflitos territoriais. Neste caso, o conflito teve um ângulo
homossexual que eu achei importante por mostrar outro aspecto do conflito religioso.
Mostrou como a religião pode
ser manipulada politicamente
para impor uma moral prejudicial à liberdade. A influência
da Igreja é decisiva nos assuntos relacionados à sexualidade,
e particularmente na batalha
dos direitos homossexuais.
Lembrar as pessoas sobre essa
conexão foi uma das razões para fazer o filme.
Folha - Quais as dificuldades
de lidar com esse assunto?
Balass - Foi particularmente
difícil encontrar representantes
hierárquicos da Igreja para falar sobre o Orgulho Gay.
Folha - Acha que o filme contribui para que homossexuais se
assumam em suas religiões?
Balass - Acho que essa é uma
escolha individual difícil de ser
generalizada.
Folha - Você acha possível assumir a homossexualidade e ser
religioso ao mesmo tempo, com
apoio da Igreja?
Balass - Os mais próximos do
topo da hierarquia são mais
suscetíveis às pressões conservadoras do Vaticano do que
aqueles que lidam no dia-a-dia
com as pessoas. Então, para o
gay ou a lésbica assumidos, a situação é confusa. Eles podem
achar um padre ou uma freira
simpáticos à sua situação. Entretanto, o tom geral vindo da
Igreja é negativo.
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