São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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Conflito com o Vaticano inspira documentário

DA REPORTAGEM LOCAL

O conflito entre o Vaticano e a Parada do Orgulho Gay em Roma é o mote do documentário de 94 minutos "O Diabo na Água Benta", do diretor canadense Joe Balass.
Balass deve estar em São Paulo para acompanhar as duas últimas sessões de seu filme (que está programado para esta sexta, às 12h30, no CCBB; sábado, 23, às 18h30 no CCBB, e domingo, 24, às 18h no MAM). Abaixo, entrevista com ele.

Folha - Por que fazer um filme relacionando a homossexualidade com a religião?
Joe Balass -
Muitas vezes os conflitos religiosos dominam as notícias mundiais, mas nós tendemos a vê-las de uma perspectiva limitada, focada nos conflitos territoriais. Neste caso, o conflito teve um ângulo homossexual que eu achei importante por mostrar outro aspecto do conflito religioso. Mostrou como a religião pode ser manipulada politicamente para impor uma moral prejudicial à liberdade. A influência da Igreja é decisiva nos assuntos relacionados à sexualidade, e particularmente na batalha dos direitos homossexuais. Lembrar as pessoas sobre essa conexão foi uma das razões para fazer o filme.

Folha - Quais as dificuldades de lidar com esse assunto?
Balass -
Foi particularmente difícil encontrar representantes hierárquicos da Igreja para falar sobre o Orgulho Gay.

Folha - Acha que o filme contribui para que homossexuais se assumam em suas religiões?
Balass -
Acho que essa é uma escolha individual difícil de ser generalizada.

Folha - Você acha possível assumir a homossexualidade e ser religioso ao mesmo tempo, com apoio da Igreja?
Balass -
Os mais próximos do topo da hierarquia são mais suscetíveis às pressões conservadoras do Vaticano do que aqueles que lidam no dia-a-dia com as pessoas. Então, para o gay ou a lésbica assumidos, a situação é confusa. Eles podem achar um padre ou uma freira simpáticos à sua situação. Entretanto, o tom geral vindo da Igreja é negativo.



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