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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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LITERATURA

Aberta a temporada de caça

Divulgação
Ilustração do artista Sergio Fingermann para "Ugolino e a Perdiz", primeira obra de ficção de Davi Arrigucci Jr.



Um dos principais críticos literários do país, Davi Arrigucci Jr. estréia na ficção com história sobre caçador


CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando moleque, nas margens dos nove anos, Davi Arrigucci Jr. já se enfiava nos brejos da paulista São João da Boa Vista com seu rifle tcheco CZ para atazanar a vida de perdizes, patos e codornas.
Décadas depois, professor titular da Universidade de São Paulo, ele continuava perseguindo os penados mata adentro. Até que, recentemente, Arrigucci pendurou a espingarda. E começou um tipo de caçada diferente.
Um dos principais críticos literários do país, ele pulou para o outro lado do balcão. Aos 60 anos, Arrigucci está estreando como ficcionista. Ele lança hoje, em São Paulo, a novela "Ugolino e a Perdiz", pela editora Cosac & Naify.
O autor de ensaios clássicos como "O Escorpião Encalacrado" (sobre o argentino Julio Cortázar) e "O Cacto e as Ruínas" (sobre Manuel Bandeira e Murilo Mendes) entra no bosque da prosa com o mesmo ímpeto silencioso de um caçador.
Em enxutas 78 páginas, talvez porque palavras demais pudessem assustar uma boa história, ele conta a história de Ugolino Michelangeli, matuto que resolve sair em busca de uma perdiz encantada que vinha aparecendo na fazenda Campo Triste. Magro como um Quixote, o veterano caçador sai à caça com Joãozinho, um português "sancho-pançudo".
O desfecho não vem ao caso agora, mas aqui vão duas pistas -que para bom caçador bastam: 1) Arrigucci diz que quase batizou o livro de "A Perdiz Metafísica"; 2) em entrevista à Folha, o crítico citou a idéia de Jorge Luis Borges de que a partir da publicação de "Dom Quixote" toda aventura está predestinada ao fracasso.
Não se pode dizer o mesmo da aventura da ficção. Ainda dando seus primeiros tiros na prosa, Arrigucci já comemora. "Senti um prazer que não sentia fazendo ensaios", confidencia.
E, assim como contou a história do velho Ugolino, que, apesar do nome dantesco, existiu de fato, o crítico quer seguir adiante, desfiando o mundo da sua memória, caçando palavras.

UGOLINO E A PERDIZ. Autor: Davi Arrigucci Jr. Editora: Cosac & Naify. Quanto: R$ 29 (78 págs.). Lançamento: hoje, às 20h (na ocasião será lançado o livro "O Inédito de Kafka", de Mayrant Gallo). Onde: Canto Madalena (r. Medeiros de Albuquerque, 471, São Paulo, tel. 0/xx/11/3813-6814).


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