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"LET IT BE... NAKED"
Remixado a partir de fitas originais, álbum de 1970 é relançado sem orquestrações
Último disco dos Beatles ganha nova versão
DO "NEW YORK TIMES"
Uma coisa que fica clara para
quem ouve o CD duplo "Let It
Be... Naked" (que a EMI lança no
próximo dia 17) é que este novo
álbum não terá vindo para pôr
fim à discussão -uma discussão
eterna entre os fãs dos Beatles desde que foi lançado o "Let It Be"
original, em 70- sobre qual seria
o som que a banda originalmente
queria que "Let It Be" tivesse.
O novo "Let It Be" traz notícias
boas e ruins. Em termos puramente sônicos, o álbum é um deleite. Remixadas a partir das fitas
originais, gravadas em canais
múltiplos, as faixas possuem um
som quente e redondo que faz o
áudio do álbum original soar chato e esmagado. A diferença mais
notável é que foram eliminados os
coros e orquestrações lautos que
Phil Spector acrescentou a "Let It
Be", "Long and Winding Road" e
"Across the Universe", deixando
o som sem os enfeites que os Beatles quiseram originalmente.
Os poréns têm a ver com as diferenças entre este álbum e as versões de "Let It Be" às quais os ouvintes já se acostumaram. Mas
eles vão mais fundo do que isso,
suscitando uma pergunta histórica: que tipo de álbum os Beatles tinham em mente quando gravaram o material? Talvez não fosse o
som de "Let It Be... Naked".
Com "Let It Be", os Beatles queriam voltar ao processo de gravação de seu primeiro álbum, "Please Please Me" (63), tocando as
músicas ao vivo no estúdio. Mas
quando as gravações terminaram,
os Beatles, que brigavam o tempo
todo, não conseguiam encarar o
árduo trabalho de analisar as fitas
para montar um álbum. Essa tarefa ficou a cargo de Glynn Johns,
que criou três versões do disco.
Depois, chamaram Phil Spector.
Agora, em lugar de lembrar
uma sessão informal em que os
Beatles batem papo e tocam algumas músicas antigas, "Let It Be...
Naked" trata o álbum como se
fosse "Rubber Soul" ou "Please
Please Me". Não há os comentários, as jams as versões antigas.
Em lugar disso, cada canção começa e termina como uma produção fria. Assim, fica difícil enxergar este novo álbum como a
versão definitiva de "Let It Be". Na
verdade ela não é "Let It Be... Naked", mas "Let It Be" disfarçado
com uma folha de figueira.
Tradução de Clara Allain
LET IT BE... NAKED. Artista: Beatles.
Lançamento: EMI. Quanto: R$ 38.
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