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BARYSHNIKOV
Bailarino russo, que dança sábado e domingo, no Teatro Municipal de SP, concedeu entrevista à Folha
"Decidi seguir a natureza do meu corpo"
especial para a Folha
Quando dançou no Brasil pela
última vez, em 1993, Mikhail
Baryshnikov estava acompanhado
de seu grupo, o White Oak Dance
Project, que permanece o centro
de suas atenções e continua a ser o
"veículo" capaz de nutrir a continuidade de sua carreira.
Nos trechos seguintes da entrevista à Folha, Baryshnikov explica
como vem desenvolvendo o seu
trabalho.
(ANA FRANCISCA PONZIO)
Folha - A coreografia de "Heartbeat: MB" é assinada por Sara Rudner, mas também conta com sua
participação. Como vocês dividiram o processo criativo da obra?
Mikhail Baryshnikov - Trabalhamos sobre uma base de improvisação. Sara Rudner foi uma das melhores bailarinas do grupo de
Twyla Tharp. Em vez de imitar os
movimentos que ela me apresentava, que correspondem ao estilo dela, eu decidi seguir a natureza do
meu corpo.
O processo de criação incluiu registros em vídeo, que nós, depois,
assistíamos para selecionar e combinar os melhores momentos. Mas
mantivemos a coreografia aberta
às improvisações que o ritmo do
coração pode imprimir à obra.
Folha - Como está seu trabalho
com o grupo White Oak Dance Project?
Baryshnikov - Continua ótimo.
Terminamos recentemente uma
turnê de muito sucesso pelos EUA,
temos produzido duas a três novas
peças por ano, e nosso interesse
por coreógrafos desconhecidos
aumenta cada vez mais.
Ao mesmo tempo, continuamos
revivendo obras de coreógrafos
fundamentais, como Merce Cunningham e Paul Taylor, que neste
ano remontou para nós uma obra
deslumbrante, que ele havia criado
nos anos 70, chamada "Profiles".
O elenco também tem se renovado. Alguns bailarinos de nossa formação original se aposentaram,
outros resolveram ter filhos, então
acabamos absorvendo novos integrantes.
Folha - Todos os grupos norte-americanos de dança reclamam
que os patrocínios têm diminuído
nos EUA. Ao mesmo tempo, morreu recentemente o empresário
Howard Gilman, um incentivador
do White Oak, que cedia sua fazenda na Flórida para o grupo ensaiar.
Como você lida com essa situação?
Baryshnikov - Claro que não é fácil administrá-la, porque não contamos com suporte financeiro do
governo americano.
Quero também esclarecer que
Howard Gilman nunca foi nosso
patrocinador. Ele foi um amigo
querido, que nos cedia um espaço
em sua fazenda, chamada White
Oak (Carvalho Branco), cujas
plantações de carvalho acabaram
dando nome à companhia.
Todo o nosso dinheiro vem das
bilheterias, e, se elas não rendem o
suficiente, o jeito é colocar mais dinheiro do bolso na próxima produção.
Folha - Você está realmente disposto a descobrir novos coreógrafos?
Baryshnikov - Quando possível,
procuro conhecer o trabalho de
novos criadores, seja em Nova
York, na Europa, Austrália ou Japão.
Isso é importante, porque os coreógrafos consagrados, em geral,
são muito ocupados e estão cuidando de seus próprios grupos.
Tive o privilégio de trabalhar
com a maioria deles, mas não é fácil contar a toda hora com obras
novas de Merce Cunningham,
Trisha Brown, Twyla Tharp, ou
Maurice Béjart.
Por isso, nos últimos sete anos,
tenho me interessado por gente
nova, que está em busca de direções diferentes e que possa trazer
algo interessante para meu grupo.
Às vezes funciona, outras vezes,
não, mas meu objetivo é fazer programas mistos, com obras de coreógrafos conhecidos e também
daqueles que estão começando.
˛
Espetáculo: Mikhail Baryshnikov
Quando: sábado e domingo, às 21h
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (praça
Ramos de Azevedo, s/nē; região central, tel.
011/222-8698)
Quanto: para domingo os ingressos já estão
esgotados. Os poucos que restam para
sábado custam R$ 100, R$ 150 e R$ 200, no
Centro Israelita de Assistência ao Menor
(informações pelo tel. 011/869-0688)
Patrocinador: IBM
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