São Paulo, quinta, 12 de novembro de 1998

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"Na verdade, não sei quem sou'

PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha

A seleção feita pelo MoMA da obra de Nelson Pereira dos Santos, 70, consegue mapear três décadas em três filmes -"Vidas Secas" (63), "O Amuleto de Ogum" (74) e "Memórias do Cárcere" (83)-, particularidade que atestou a continuidade de sua produção.
O diretor falou à Folha sobre o papel que o cinema nacional vem exercendo no exterior.

Folha - O que representa essa retrospectiva em Nova York?
Nelson Pereira dos Santos -
É ótimo ver nosso cinema reconhecido no exterior. O Brasil voltou, como nos anos 60, aos olhos do público internacional.
Folha - Você faz apologia de um cinema sem vínculos com determinado movimento ou tendência. Isso fez com que seus filmes representassem momentos diversos da história do cinema nacional.
Pereira dos Santos -
Participei do movimento cinemanovista, mas não o represento. Apenas passei por ele. Sou apenas um rapaz que começou a fazer filmes nos anos 50 e tenta fazer ainda hoje.
Folha - Com esta nova geração de cineastas, você não se sente um cineasta "à antiga"?
Pereira dos Santos -
Se for assim, que eu seja à antiga como Luis Buñuel e nunca um jovem como Spielberg. Bem, na verdade não sei quem sou, apenas a crítica o sabe.
Folha - A mostra aponta o melhor da atual produção. O que você tem a dizer sobre o renascimento?
Pereira dos Santos -
Não interessa se as obras são boas ou ruins, vivemos um período de liberdade e essa pluralidade é um aspecto positivo. Temos de ver no que vai dar.



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