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"Na verdade, não sei quem sou'
PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha
A seleção feita pelo MoMA da
obra de Nelson Pereira dos Santos,
70, consegue mapear três décadas
em três filmes -"Vidas Secas"
(63), "O Amuleto de Ogum" (74) e
"Memórias do Cárcere" (83)-,
particularidade que atestou a continuidade de sua produção.
O diretor falou à Folha sobre o
papel que o cinema nacional vem
exercendo no exterior.
Folha - O que representa essa retrospectiva em Nova York?
Nelson Pereira dos Santos - É ótimo ver nosso cinema reconhecido
no exterior. O Brasil voltou, como
nos anos 60, aos olhos do público
internacional.
Folha - Você faz apologia de um
cinema sem vínculos com determinado movimento ou tendência. Isso fez com que seus filmes representassem momentos diversos da
história do cinema nacional.
Pereira dos Santos - Participei do
movimento cinemanovista, mas
não o represento. Apenas passei
por ele. Sou apenas um rapaz que
começou a fazer filmes nos anos 50
e tenta fazer ainda hoje.
Folha - Com esta nova geração de
cineastas, você não se sente um cineasta "à antiga"?
Pereira dos Santos - Se for assim,
que eu seja à antiga como Luis Buñuel e nunca um jovem como
Spielberg. Bem, na verdade não sei
quem sou, apenas a crítica o sabe.
Folha - A mostra aponta o melhor
da atual produção. O que você tem
a dizer sobre o renascimento?
Pereira dos Santos - Não interessa se as obras são boas ou ruins, vivemos um período de liberdade e
essa pluralidade é um aspecto positivo. Temos de ver no que vai dar.
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