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MÚSICA
Em 28 anos, é a quarta vez que artista grava na cidade; shows do fim de semana no Olympia já estão esgotados
Roberto Carlos triste faz especial em SP
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Como faz desde 1974, Roberto
Carlos estará na tela da Globo na
quarta-feira que vem, comandando seu especial de fim de ano. O
programa apresenta um Roberto
Carlos triste, que até hoje parece
não ter superado a morte de sua
mulher, Maria Rita, no fim de 99.
Neste sábado, domingo e segunda, Roberto canta no Olympia, com ingressos já esgotados.
A gravação do especial foi anteontem, no Via Funchal, em São
Paulo. É apenas a quarta vez que o
cantor grava um especial na cidade. As outras foram em 78, 80 e 96.
Roberto entrou às 23h, com
exatas duas horas de atraso. Na
platéia, Hebe Camargo, Ana Maria Braga, Paulo Ricardo e outras
celebridades se misturavam ao
público pagante. Não houve convidados no palco.
Com um paletó branco sem lapela, de ombreiras enormes, Roberto começou com "Emoções",
"Como é Grande o Meu Amor
por Você" e "Te Amo, Te Amo, Te
Amo", acompanhado por orquestra. O artista parecia cantá-las por obrigação, como que torcendo para que acabassem logo.
É na quinta música que o show
pega no tranco e o cantor impressiona: "Detalhes", no banquinho
e violão. Sem sorrir nunca, com
um semblante pesado, interpretando com um sofrimento visível,
Roberto canta a música no estilo
que Maria Rita gostava: de forma
acústica. Foi ela quem o convenceu a gravar um programa na
MTV e um CD acústico, que acabou sendo lançado apenas no ano
passado, após a sua morte.
Mas a sessão acústica não vinga
e volta a orquestra, com "Parei na
Contramão", "Além do Horizonte" e "É Preciso Saber Viver".
Ao apresentar a banda, finalmente o cantor parece relaxar.
Sorri e faz piadas com os amigos.
Do baixista, cujo cabelo branco
brilha, fala que está cada vez mais
"louro". Brinca com as cantoras
de apoio, "meu coral infantil".
Na sequência, alterna músicas
com textos. Diz que começou a
"questionar tudo" nos anos 80.
Em relação aos 90, "os melhores
de minha vida, tive o privilégio de
saber do amor sem limites". De
repente, desata a falar.
"Fiz a canção mais importante e
mais forte de minha vida. A paixão é apenas uma reação química.
O amor é uma energia. Quando
duas pessoas se amam, são as almas que se amam. É claro que estou falando da Maria Rita", finaliza, com um raro sorriso.
A música que segue, a que ele
considera a mais importante e
forte de sua carreira, é "Eu Te
Amo Tanto", escrita para Maria
Rita em 98. É um belo momento
do show, mais pela franqueza do
artista do que pela animação exibida numa tela atrás dele, na qual
duas estrelas dançam abraçadas.
Para encerrar, "Jesus Cristo". E
mais, só ano que vem.
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