São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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MÚSICA

Em 28 anos, é a quarta vez que artista grava na cidade; shows do fim de semana no Olympia já estão esgotados

Roberto Carlos triste faz especial em SP

IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Como faz desde 1974, Roberto Carlos estará na tela da Globo na quarta-feira que vem, comandando seu especial de fim de ano. O programa apresenta um Roberto Carlos triste, que até hoje parece não ter superado a morte de sua mulher, Maria Rita, no fim de 99.
Neste sábado, domingo e segunda, Roberto canta no Olympia, com ingressos já esgotados.
A gravação do especial foi anteontem, no Via Funchal, em São Paulo. É apenas a quarta vez que o cantor grava um especial na cidade. As outras foram em 78, 80 e 96.
Roberto entrou às 23h, com exatas duas horas de atraso. Na platéia, Hebe Camargo, Ana Maria Braga, Paulo Ricardo e outras celebridades se misturavam ao público pagante. Não houve convidados no palco.
Com um paletó branco sem lapela, de ombreiras enormes, Roberto começou com "Emoções", "Como é Grande o Meu Amor por Você" e "Te Amo, Te Amo, Te Amo", acompanhado por orquestra. O artista parecia cantá-las por obrigação, como que torcendo para que acabassem logo.
É na quinta música que o show pega no tranco e o cantor impressiona: "Detalhes", no banquinho e violão. Sem sorrir nunca, com um semblante pesado, interpretando com um sofrimento visível, Roberto canta a música no estilo que Maria Rita gostava: de forma acústica. Foi ela quem o convenceu a gravar um programa na MTV e um CD acústico, que acabou sendo lançado apenas no ano passado, após a sua morte.
Mas a sessão acústica não vinga e volta a orquestra, com "Parei na Contramão", "Além do Horizonte" e "É Preciso Saber Viver".
Ao apresentar a banda, finalmente o cantor parece relaxar. Sorri e faz piadas com os amigos. Do baixista, cujo cabelo branco brilha, fala que está cada vez mais "louro". Brinca com as cantoras de apoio, "meu coral infantil".
Na sequência, alterna músicas com textos. Diz que começou a "questionar tudo" nos anos 80. Em relação aos 90, "os melhores de minha vida, tive o privilégio de saber do amor sem limites". De repente, desata a falar.
"Fiz a canção mais importante e mais forte de minha vida. A paixão é apenas uma reação química. O amor é uma energia. Quando duas pessoas se amam, são as almas que se amam. É claro que estou falando da Maria Rita", finaliza, com um raro sorriso.
A música que segue, a que ele considera a mais importante e forte de sua carreira, é "Eu Te Amo Tanto", escrita para Maria Rita em 98. É um belo momento do show, mais pela franqueza do artista do que pela animação exibida numa tela atrás dele, na qual duas estrelas dançam abraçadas.
Para encerrar, "Jesus Cristo". E mais, só ano que vem.


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