|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES VISUAIS
Dois dos três locais escolhidos para sediar a mostra estavam com obras inacabadas dois dias antes da abertura
Bienal do Ceará corre contra o tempo
FABIO CYPRIANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM FORTALEZA
A mais nova bienal brasileira
não escapou à tradição das demais bienais brasileiras, seja a de
São Paulo ou a do Mercosul. Às
vésperas de sua abertura, funcionários e artistas da 1ª Bienal Ceará
América, em Fortaleza, corriam
contra o tempo para conseguir
deixar tudo pronto para a abertura, programada para amanhã.
Dos três espaços escolhidos para sediar a mostra, o mais adiantado é o Museu de Arte Contemporânea, localizado no Centro
Dragão do Mar. Os demais locais,
dois imensos galpões da rede ferroviária e a Casa Boris -sede de
uma antiga companhia de importação-, passaram por reformas
de adaptação, que até anteontem
não tinham terminado.
"Em um momento achamos
que um dos galpões nem sequer
poderia ser utilizado. Por isso escolhemos também a Casa Boris
como local expositivo. Como o
galpão ficou pronto, acabamos
ganhando até mais espaço do que
precisávamos", disse Antônio de
Pádua Araujo, diretor-presidente
do Centro Dragão do Mar.
Vários artistas aguardavam a
saída dos operários para a montagem das obras - a maior parte
dos trabalhos da bienal está sendo
realizada no local. A improvisação tem sido a saída.
"Estamos esperando há vários
dias, montei parte da obra em outro local e assim que liberarem o
espaço, faço a montagem final",
afirmou Felipe Barbosa, um dos
45 artistas que fazem parte da
mostra.
Curadoria belga
A 1ª Bienal Ceará América tem à
frente dois belgas: Jan Hoet, como
curador-geral, e Philippe van
Cauteren, como curador-assistente. Sem um tema específico definido, a primeira edição busca
tratar de dois eixos característicos
da cidade: "O litoral, que pode ser
relacionado à utopia e ao desejo, e
o espaço urbano, mais voltado
para o trabalho, o foco, a sobrevivência", disse Cauteren.
A fricção desses dois eixos já está sendo utilizado, por exemplo,
pelo grupo colombiano Cambalache. Carolina Caycedo e Adriana
Garcia, as duas artistas do grupo
que vieram para a bienal, apropriaram-se do carrinho de som de
seu João, que normalmente anda
pelas ruas fazendo publicidade.
"Escolhemos com a ajuda dele
várias músicas bregas e saímos
pela cidade. Os moradores acabam se incorporando ao grupo,
cantando e indicando outras canções. Ao final, iremos gravar uma
série de CDs chamada "Fortaleza
Mix", como memória sonora dessa ação", afirmou Caycedo. Assim, o lazer se incorpora também
ao urbano, como sugerem os curadores.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a
convite da Secretaria da Cultura e do
Desporto do Estado do Ceará
1ª BIENAL CEARÁ AMÉRICA. Mostra de
arte contemporânea com 45 artistas do
continente americano. Curadoria: Jan
Hoet e Philippe van Cauteren. Onde:
Centro Dragão do Mar, Casa Boris e
galpões da RFFSA (tel. 0/xx/85/488-7604). Quando: abertura amanhã (para
convidados); de ter. a dom., das 10h às
17h30 (galpões) e das 14h às 21h30
(demais locais). Até 28/3.
Texto Anterior: Show: Ultramen toca e espera por Orishas Próximo Texto: Barrio realizará sua maior obra Índice
|