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Barrio realizará sua maior obra
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM FORTALEZA
Dois artistas, entre os 45 que
participam da 1ª Bienal Ceará
América, são considerados como
"referência" para os demais, de
acordo com os curadores. Eles são
o português naturalizado brasileiro Artur Barrio e o alemão naturalizado americano Hans Haacke.
Ambos possuem uma poética
voltada à critica político-social,
apesar de Barrio centrar seu fogo
no próprio circuito da arte. "Essa
idéia é genial, são dois artistas que
de fato têm muito em comum",
disse a crítica Ligia Canongia, que
lançou um livro sobre Barrio.
Com tal deferência, Barrio ganhou, em Fortaleza, um desafio
proporcional à homenagem: ele
precisou ocupar sozinho um dos
galpões da rede ferroviária, com
mil metros quadrados. O galpão
ao lado, de mesmo tamanho, é
ocupado por 20 artistas.
"Em espaços fechados, essa instalação é a maior obra que já realizei", disse Barrio, durante a montagem de sua obra. Uma das saídas encontradas pelo artista foi
ocupar a parte central do galpão
com um trilho de trem de 70 metros de comprimento, sobre o
qual poderá se mover um carrinho com uma vela de jangada, encomendada a jangadeiros locais.
Com isso ele trabalha com a memória do espaço, antigo galpão de
trens, ao mesmo tempo que
aponta para a energia do ar e da
arte, como forma de propulsão.
Nas paredes brancas da sala ele
faz desenhos e escreve suas típicas
frases-manifesto, como "o curador é uma necessidade desnecessária". "Apesar da dimensão, uso
o espaço como se fosse meu ateliê.
Tenho total liberdade aqui, o
oposto do que ocorreu em Kassel,
uma mostra estranha, sem pureza, verdadeiro elefante branco."
A instalação, que chama "Situação/Título Impróprio para o Consumo Humano", receberá ainda
700 quilos de café pelo chão e, numa de suas extremidades, Barrio
transformará o local em sala de
leitura. "Vou colocar alguns sofás
e livros de filosofia", disse.
(FC)
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