São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

Casa de Criadores
entre dois pólos fashion

Looks de noite dividem espaço com streetwear nos melhores desfiles do evento

O streetwear e os looks de noite bem exagerados fizeram dupla forte na 24ª edição da Casa de Criadores, que terminou na última quarta-feira, em São Paulo e inaugurou a temporada inverno-2009 de desfiles.
A polarização no line-up oficial fica cada vez mais evidente, com grupos muito claros. Até mesmo dentro do Projeto Lab, que reúne os novatos da Casa, essa divisão pode ser notada.
Do lado streetwear, os melhores momentos desta edição ficaram por conta dos desfiles das marcas Der Metropol e ADD. Ambas são focadas no guarda-roupa masculino.
A Der Metropol mandou bem nos moletons, que apareceram em macacões inteiriços, jaquetas e calças largas de cavalo baixo. A camisaria com estampas de rosas negras, bem anos 90, também convenceu.
A ADD mostrou coleção inspirada no filme "Na Natureza Selvagem", de Sean Penn. Cartela fresca, com azuis e verdes lavados, muitos xadrezes, camisas de flanela e confortáveis malhas estampadas.
São duas grifes com bom potencial de vendas, que fazem roupa masculina descomplicada, com qualidade. Trata-se de um núcleo interessante, que a Casa deve cultivar.
Na porção festa, os destaques foram Gustavo Silvestre e Rober Dognani- fora Walério Araújo e seu desfile-show habitual, sempre muito divertido.
A coleção de inverno de Gustavo tem um pé nos exageros ornamentais do final dos anos 70, que ele soube reinterpretar com muita habilidade.
Os bordados, as fitas e linhas aplicadas, o lurex, tudo muito, mas sem passar da conta. A evolução da verve artesanal de Gustavo é clara e abre margem para ousadias maiores.
Rober Dognani é uma espécie de costureiro à moda antiga encarnado num corpo jovem. Seu apreço pelo ultrafeminino, do romântico ao sexy quase agressivo (o que é muito diferente de vulgar) fica cada vez mais evidente em suas coleções. Lamês, couro, drama.
Gustavo e Dognani são outro núcleo que o evento deveria observar de perto, porque deve representar, em alguns anos, a renovação da moda noite-festa.
Um caso à parte é o trabalho, em franca evolução, de João Pimenta, com sua adorável coleção de homens curvilíneos.
Camisaria em peças alongadas e transparentes, volumes divertidos nos quadris, que iam do absurdo conceitual ao suave, usável. As calças curtas, os sapatos com fivela, tudo impecável. Poderia ser um desfile da SPFW, da semana de moda de Londres, a gosto do freguês.
E a boa surpresa foi o projeto Ponto Zero, que escolheu um novo participante da Casa de Criadores em conjunto com faculdades de moda de São Paulo.
A vencedora, Karin Feller, da Santa Marcelina, levou e mereceu. Mandou bem na malharia texturizada e tem pegada própria. Ivano de Paula Silva, da Belas Artes, também "representou" e ganhou a simpatia de muitos fashionistas. Ponto para o time da Casa.

com Vivian Whiteman



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