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RELÂMPAGOS
Parque da harmonia
JOÃO GILBERTO NOLL
Diariamente eles se estranhavam entre árvores do
parque. Olhavam-se sôfregos. Rangiam os dentes, espumavam. Como se fosse irromper uma luta mortal. Na
última ocasião, um deles segurava um baita caco de vidro. Eu, que em minhas caminhadas costumava surpreender o tal confronto,
nesse dia apressei covardemente o passo. Em casa, pedi para minha mulher me
massagear um pouco. Ela fechou os olhos, se negando.
"O que houve?", perguntei.
A foto dela me assuntava
com certa ironia. Retirei o
lençol que protegia o sofá.
Voltei mareado para minha
viuvez.
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