São Paulo, Quinta-feira, 13 de Janeiro de 2000


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RELÂMPAGOS
Parque da harmonia

JOÃO GILBERTO NOLL

Diariamente eles se estranhavam entre árvores do parque. Olhavam-se sôfregos. Rangiam os dentes, espumavam. Como se fosse irromper uma luta mortal. Na última ocasião, um deles segurava um baita caco de vidro. Eu, que em minhas caminhadas costumava surpreender o tal confronto, nesse dia apressei covardemente o passo. Em casa, pedi para minha mulher me massagear um pouco. Ela fechou os olhos, se negando. "O que houve?", perguntei. A foto dela me assuntava com certa ironia. Retirei o lençol que protegia o sofá. Voltei mareado para minha viuvez.


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