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História faz de Berlim um museu a céu aberto
em Berlim
Boa parte da história dos judeus
na Alemanha já passeia pelas ruas
de Berlim: a cidade é um museu a
céu aberto, e muitos bairros contam -nas calçadas e nas paredes
de casas- detalhes da vida dos
judeus e da perseguição nazista.
A presença dos judeus em Berlim é mencionada pela primeira
vez em documentos de 1295. Durante a Idade Média, o anti-semitismo já se espalhava pela Europa,
e não foi diferente na Alemanha.
Mesmo assim, a comunidade
judaica da Alemanha crescia e recebia muitos judeus fugitivos da
Rússia. Chegou a ter 360 mil
membros, um terço deles concentrados em Berlim, no bairro de
Spandauer Vorstadt.
As ruas do bairro trazem marcas do Holocausto: lá fica a única
sinagoga que sobreviveu à noite
de terror que os nazistas chamaram de "Noite dos Cristais", de 9
para 10 de novembro de 1938,
quando 91 judeus foram mortos e
outros milhares começaram a ser
levados para os campos de trabalho.
A sinagoga, construída no século 19 em estilo mourisco por judeus sefarditas, só está de pé graças a um anônimo soldado alemão que estava de guarda no local
e não permitiu a entrada dos nazistas.
No bairro também ficava o primeiro museu judeu de Berlim,
aberto em 1933, pouco antes de
Hitler subir ao poder. Também
foi destruído pela Gestapo.
Abandonado desde a época da
Segunda Guerra, o bairro passou
a pertencer à antiga Berlim Oriental. Com a reunificação alemã, porém, passou a viver um período
de revitalização devido a investimentos da prefeitura de Berlim e
da iniciativa privada.
Cafés, ateliês, galerias, restaurantes e butiques estão surgindo
no entorno dos "Hofs", os típicos
pátios alemães no interior dos
prédios em forma de quadrado. O
velho bairro judeu hoje é sofisticado e caro.
No mesmo bairro há um cemitério judeu parcialmente destruído pelos nazistas. Numa caminhada pelas ruas, é possível ver
prédios que foram bombardeados durante a guerra.
De três prédios vizinhos, um foi
destruído por bombas, deixando
um buraco entre os dois edifícios
restantes. Nas paredes, foram escritos os nomes e as profissões
dos moradores mortos, judeus e
não-judeus.
Em outra rua do bairro, por
exemplo, placas contam a história
dos judeus comunistas Sala e
Martin Kuchmann, cuja casa funcionava como uma creche.
Num dia de agosto de 1942,
quando os Kuchmann e os pais
das crianças chegaram à creche,
as crianças tinham sido levadas
pelos nazistas.
Ares Kalandides, consultor da
associação "Parceiros por Berlim", que reúne governo e iniciativa privada, diz que a recuperação
do bairro é um evento turístico e
histórico."Queremos manter no
bairro o espírito tranquilo e intelectual que ele sempre teve,
atraindo turistas, e aprendendo a
conviver com nossa história."
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