São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2001

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MÚSICA

O autor de "Manhã de Carnaval" e "Samba de Orfeu", que sofria de câncer, era conhecido internacionalmente

Morre, aos 78, o compositor Luiz Bonfá

DA SUCURSAL DO RIO

Morreu ontem de câncer no Rio, aos 78 anos, o compositor e violonista carioca Luiz Bonfá, um dos principais nomes da bossa nova e autor de "Manhã de Carnaval" e "Samba de Orfeu", duas das canções brasileiras de maior sucesso no exterior. Bonfá foi enterrado ontem à tarde no cemitério Jardim da Saudade, no Rio.
O violonista foi um dos primeiros músicos de bossa nova a fazer sucesso internacional. Ele se mudou em 58 para os EUA.
Bonfá abriu caminho com a trilha de "Orfeu do Carnaval", filme que o francês Marcel Camus fez com base na peça "Orfeu da Conceição" e que, em 59, ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e Oscar de filme estrangeiro. Desde então, o músico carrega o estigma de ser mais conhecido fora do que dentro do Brasil. Muitos de seus discos não foram lançados no país.
Duas das músicas do filme, "Samba de Orfeu" e "Manhã de Carnaval" (parcerias com Antonio Maria), se transformaram em clássicos de jazz e ganharam o mundo. Em inglês, a última foi gravada por nomes como Frank Sinatra e Nana Mouskouri.
Com mais de 500 composições, Bonfá foi gravado por meio mundo do jazz, como os saxofonistas Stan Getz, Dexter Gordon, Wayne Shorter e Paul Desmond, pelos cantores Tony Bennett e Sarah Vaughan, pelos trompetistas Freddie Hubbard e Dizzy Gillespie e pelos pianistas Diana Krall e Oscar Peterson.
Sem falar nos colegas de violão e guitarra que pagaram tributo ao virtuosismo de Bonfá. Caso de Joe Pass, George Benson e do Guitar Trio (Paco de Lucia, John McLaughlin e Al Di Meola). Músicos de fora do jazz também gravaram suas músicas, como Joan Baez. No Brasil, foi gravado por Tom Jobim, João Gilberto e Nara Leão, entre outros.
"Manhã de Carnaval" e "Samba de Orfeu" conseguiram romper a barreira do jazz e foram absorvidas pelo pop em diversas formas. O regente francês Paul Mauriat, o cantor romântico Julio Iglesias e o tenor Plácido Domingo são alguns exemplos. Uma das provas de que o músico rompeu os limites da bossa nova é "Almost in Love", única música brasileira gravada por Elvis Presley.
Bonfá começou a tocar aos 11 anos, influenciado por Garoto. Em homenagem a ele, João Gilberto dedicou uma de suas raras composições, a instrumental "Um Abraço no Bonfá". Antes da fama internacional, Bonfá participou do grupo vocal Quitandinha Serenaders. Seu último disco foi "Almost in Love", em 96. (LAR)



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