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O ATOR PRINCIPAL
Imperador foge da costa e busca o frio para procriar
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
Única ave que enfrenta o inverno antártico para se reproduzir, o pingüim-imperador
(Aptenodytes forsteri) merece
o nome que tem. Sua história se
confunde com a própria história da exploração da Antártida.
A primeira descrição detalhada dos hábitos reprodutivos
do animal foi feita pela equipe
de Robert Falcon Scott, britânico que foi o segundo homem a
chegar ao pólo Sul, em 1912.
Para coletar ovos do imperador e flagrar o nascimento dos
filhotes, três dos homens de
Scott empreenderam uma viagem quase suicida de 220 km
(ida e volta), na escuridão do
inverno, até o cabo Crozier, onde uma colônia se abrigava.
O grupo quase morreu a temperaturas de até -60 C, mas coletou três ovos e observou um
fenômeno extraordinário: aves
que haviam perdido seus ovos
chocando pedaços de gelo arredondados. A saga foi relatada
por um dos homens, Apsley
Cherry-Garrard, no livro "A
Pior Viagem do Mundo".
Maior dos 19 tipos de pingüim e único em seu hábito de
avançar continente adentro
(todas as outras espécies são
exclusivamente costeiras), o
imperador é motivo de intriga
para seus estudiosos.
Os cientistas ainda não têm
uma explicação para a marcha
destes pingüins -única ave
antártica que não constrói um
ninho- e para sua reprodução
fora de época. Uma hipótese
possível é que a migração seja
uma maneira de evitar que o
único ovo posto a cada ano pela fêmea seja vítima de predadores como as skuas, que não
só não avançam continente
adentro como também viajam
para o norte no inverno.
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