São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

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O ATOR PRINCIPAL

Imperador foge da costa e busca o frio para procriar

CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA

Única ave que enfrenta o inverno antártico para se reproduzir, o pingüim-imperador (Aptenodytes forsteri) merece o nome que tem. Sua história se confunde com a própria história da exploração da Antártida.
A primeira descrição detalhada dos hábitos reprodutivos do animal foi feita pela equipe de Robert Falcon Scott, britânico que foi o segundo homem a chegar ao pólo Sul, em 1912.
Para coletar ovos do imperador e flagrar o nascimento dos filhotes, três dos homens de Scott empreenderam uma viagem quase suicida de 220 km (ida e volta), na escuridão do inverno, até o cabo Crozier, onde uma colônia se abrigava.
O grupo quase morreu a temperaturas de até -60 C, mas coletou três ovos e observou um fenômeno extraordinário: aves que haviam perdido seus ovos chocando pedaços de gelo arredondados. A saga foi relatada por um dos homens, Apsley Cherry-Garrard, no livro "A Pior Viagem do Mundo".
Maior dos 19 tipos de pingüim e único em seu hábito de avançar continente adentro (todas as outras espécies são exclusivamente costeiras), o imperador é motivo de intriga para seus estudiosos.
Os cientistas ainda não têm uma explicação para a marcha destes pingüins -única ave antártica que não constrói um ninho- e para sua reprodução fora de época. Uma hipótese possível é que a migração seja uma maneira de evitar que o único ovo posto a cada ano pela fêmea seja vítima de predadores como as skuas, que não só não avançam continente adentro como também viajam para o norte no inverno.


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