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Planos envolvem projetos exclusivos sobre Shakespeare
DA REPORTAGEM LOCAL
"Os Dois Cavalheiros de Verona" é a quinta investida de Ulysses
Cruz pelo território shakespeariano. É, claramente, uma obsessão
do diretor. "Tudo emana e vem de
Shakespeare", diz. A relação mais
estreita com o bardo vem de 1989,
quando uma bolsa lhe assegurou
nove meses de estudo na Royal
Shakespeare Company inglesa. E
não deve parar por aqui.
Cruz acalenta projeto ambicioso, de cravar em terra brasileira
um centro de referência voltado
para a obra do dramaturgo inglês,
nos moldes do Globe Theatre.
A idéia não é reproduzir aqui
uma franquia do espaço físico.
Quer, antes, dispor de um local
capaz de abrigar escola e biblioteca centrados nas especificidades
do dramaturgo. "Gostaria de formar atores para atuar especificamente em peças de Shakespeare", diz. "A idéia é manter um repertório que permita oferecer espetáculos para escolas, seis dias por
semana, de manhã e à tarde."
Pelos planos, a biblioteca reuniria, além da produção poética e
dramática do autor, vasta bibliografia, com estudos sobre ele e
seus personagens produzidos
mundo afora, além de registros
em DVD -de encenações ou
adaptações televisivas, por exemplo. Outra intenção é firmar convênio de intercâmbio permanente
com a Royal Shakespeare. Mas tudo está ainda no terreno das boas
intenções, com algumas negociações.
Antes, Cruz tem "Dois Cavalheiros" pela frente. A montagem
tem estréia prevista junho, no teatro Sergio Cardoso. Os ensaios começariam nesta semana, mas o
cancelamento de um patrocínio
forçou o adiamento da estréia de
abril para junho. Serão três meses
até o palco, portanto. "Shakespeare não precisa de muito: basta um
excelente tradutor e bons atores."
Simples assim.
O elenco terá cinco músicos e 11
atores. O diretor convidou Letícia
Spiller e Luigi Baricelli para formar um dos dois casais do núcleo
central. A tradução está a cargo de
Marcos Daúde, responsável por
três das quatro traduções anteriores. Daúde só não trabalhou com
Cruz em "Macbeth", a primeira
da saga que, dependendo dele,
abarcará todos os 36 textos do autor. "O trabalho dele é impecável,
feito para o ator, mas sem descaracterizar Shakespeare", exalta
Cruz. "Qualquer tradução é, por
si, uma agressão", diz. "É preciso
adaptar o texto não só à língua,
mas ao ritmo do seu povo." Nem
uma unanimidade pode ser capaz
de intimidar. "O medo é o primeiro sintoma da decadência", diz,
shakesperianamente. (IV)
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