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CINEMA/ESTRÉIAS
"COLD MOUNTAIN"
Filmado na Romênia, longa se passa durante Guerra Civil americana, e recebeu sete indicações ao Oscar
Minghella faz "viagem espiritual" em épico
CLAUDIA GURFINKEL
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Michael Ondaatje, escritor de
"O Paciente Inglês", jogou o livro
"Cold Mountain", de Charles Frazier, nas mãos de Anthony Minghella quando o diretor fazia uma
visita a ele no Canadá, em 1998.
"Antes mesmo de terminar de
ler o livro, já sabia que queria
transformá-lo em filme", disse
Minghella em entrevista à Folha
em um hotel em Londres. Entre
um cigarro e outro -"meu hábito de voltar a fumar coincide exatamente com o final de um trabalho; infelizmente, esse é o primeiro sinal de que estou estressado, é
um tipo de depressão pós-filme"-, o diretor insistiu que o fato de seus filmes mais recentes serem adaptações de romances é
mera coincidência.
Desde seu primeiro filme,
"Truly, Madly, Deeply", que ele
escreveu e dirigiu, todas as suas
outras produções foram baseadas
em livros: "O Paciente Inglês"
(1996), adaptada da obra de Ondaatje, e "O Talentoso Ripley"
(1999), baseada no trabalho de
Patricia Highsmith.
"Lembro que uma vez eu disse
que nunca mais filmaria outra
adaptação literária. Mas "Cold
Mountain" me atraiu porque não
é só uma história de amor que se
passa na época da Guerra Civil
americana [1861-65]. Na verdade,
é uma história escrita em cima de
muitos outros textos. A "Odisséia",
claro; muita documentação sobre
a guerra; a história de parentes de
Frazier que desertaram a guerra.
É uma viagem espiritual, que testa
seus personagens de todas as formas possíveis."
Para Nicole Kidman, atriz que
protagoniza, ao lado de Jude Law,
o filme de Minghella, o papel foi
uma surpresa. "Li o livro quando
foi lançado. Quando soube do filme, pensei: como alguém vai conseguir mostrar tudo isso nas telas?
Mas Minghella é um poeta e conseguiu dar vida própria à história", diz a atriz à Folha.
"Cold Mountain", que recebeu
sete indicações para o Oscar, é o
mais caro projeto feito por Minghella. Apesar de a história se passar na Carolina do Norte (EUA), o
filme foi praticamente todo rodado na Romênia. "Descobri na Romênia uma terra que parece viver
na era pré-industrial, parecida
com um cenário do século 19."
Para Minghella, a música também ajudou a caracterizar a época
e é um elemento chave em todo o
filme. "Quando ficamos sem palavras, a música pode dizer tudo",
afirma o diretor. A trilha sonora,
que concorre ao Oscar (duas músicas do filme também concorrem
na categoria de melhor canção),
reúne músicas orquestradas e folclóricas do período.
Após "Cold Mountain", Minghella diz que é a primeira vez na
vida que ele não tem um outro
projeto em mente. "Não tenho
idéia do que farei a partir de agora. Esta foi a primeira vez em que
fui forte o suficiente para não cair
na tentação de arrumar um outro
trabalho."
Nicole Kidman, por outro lado,
não pára. Com a estréia de "Cold
Mountain", a atriz poderá ser vista em três filmes que estão em cartaz em São Paulo.
"Pode parecer que eu não sossego, mas os filmes que estão sendo
lançados foram muito rápidos de
fazer. Quer dizer, "Cold Mountain" demorou bastante, mas as
filmagens de "Revelações" duraram só três semanas, e "Dogville",
seis semanas."
Nicole diz ter uma lista de diretores com quem ainda gostaria de
trabalhar. Ela diz gostar do francês François Ozon (de "Oito Mulheres"), mas no topo de sua preferência se encontra o chinês
Wong Kar Wai. "Adoro ele. Nós
nos encontramos recentemente e
trocamos algumas idéias", disse
ela, que tem certeza de que voltará
a trabalhar com o diretor de
"Dogville", Lars von Trier.
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