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FESTIVAL DE BERLIM
"O OUTRO LADO DA RUA"
Exibição do longa de Marcos Bernstein tinha os mil lugares da sala esgotados há dois dias
Fernanda Montenegro emociona Berlim
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Fernanda Montenegro levou,
novamente, Berlim às lágrimas.
Aconteceu assim, há seis anos,
com "Central do Brasil", e ontem,
na estréia mundial de "O Outro Lado da Rua", de Marcos Bernstein. Ao final da sessão para a imprensa, havia várias pessoas soluçando e enxugando os olhos.
Após a exibição, Fernanda,
Bernstein, Raul Cortez, o outro
protagonista, e Kátia Machado,
produtora do filme, concederam
uma entrevista na mesma sala onde, anteontem, os atores Robin
Williams e Mira Sorvino divulgaram "The Final Cut", que está em
competição.
Cerca de 30 jornalistas, média
acima do que se costuma ver para
produções brasileiras numa coletiva em Berlim, realizaram, por
mais de uma hora, perguntas à
equipe de "O Outro Lado". A curiosidade inicial girou em torno
das cenas de sexo entre os personagens Regina (Fernanda) e Camargo (Cortez). Segundo o diretor, "na primeira versão do roteiro não havia cenas de sexo, mas
após ler o texto com os atores,
percebemos que isso era uma covardia, pela profundidade da relação que eles desenvolviam, e decidimos incluí-las. Ficamos com
medo de contar aos atores, mas
eles aceitaram de pronto".
"Somos artistas, atores e nada
que é próprio da vida nos constrange. Tudo que é possível na vida se vê no palco e vice-versa. E
sem sexo, nenhum de nós estaria
aqui hoje", disse Fernanda, levando os jornalistas às gargalhadas.
Já Cortez lembrou-se de sua experiência, há mais de 20 anos,
quando assistiu a "Chuvas de Verão" (1978), de Cacá Diegues: "No
filme, Jofre Soares e Míriam Pires,
os idosos do filme, faziam amor
no chão, e a platéia chegou a vaiar,
o que me fez ver que há preconceito com pessoas de idade. Em "O
Outro Lado" há um pudor, não só
de sexo, mas da entrega, e acredito que conseguimos passar a
emoção e a delicadeza que tivemos ao realizar a cena".
"O Outro Lado da Rua" participa em Berlim da sessão Panorama
Special e a exibição para o público, no Zoo Palast, às 19h (22h no
Brasil) já tinha os mil lugares da
sala esgotados há dois dias. O Panorama não é uma mostra competitiva, mas há um prêmio de
público.
Outro longa exibido no festival,
mas no Mercado, "O Homem que
Copiava", de Jorge Furtado, será
distribuído para a Suíça, Alemanha e Áustria. Outros negócios
envolvem "Narradores de Javé",
de Eliane Caffé, que será exibido
na Alemanha, "O Homem do
Ano", de José Henrique Fonseca,
nos EUA e Canadá, e "Amarelo
Manga", de Claudio Assis, que estará nas salas mexicanas.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a
convite do Instituto Goethe de São Paulo
e da organização da Berlinale.
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