São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2005

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LANÇAMENTOS/DVD

"AS LENDAS DA MÚMIA"

Caixa reúne "A Múmia", "O Retorno da Múmia", "O Escorpião Rei", documentários e depoimentos

Trilogia de Sommers diverte com absurdos

REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL

"A coisa mais legal do meu personagem é que ele não tem nenhuma evolução. Está igual", declara deslavadamente o ator britânico John Hannah, lá pelas tantas, no making of de "O Retorno da Múmia". Já o astro da luta livre The Rock nem pisca ao dizer, no mesmo DVD: "Sabe, eu quis voltar a fazer o Escorpião Rei porque é um personagem muito profundo".
Essa cara-de-pau de proporções míticas responde por boa parte da diversão da trilogia "As Lendas da Múmia", que chega agora ao Brasil numa caixa repleta de documentários, curiosidades e comentários do elenco e da direção.
Quase dá para escutar as risadas por trás das câmeras quando The Rock explica, todo sério, que o terceiro filme, "O Escorpião Rei", não é nem um prólogo nem uma seqüência de "A Múmia" e "O Retorno da Múmia" -é um "spin-off", um derivativo, sinônimo de dinheiro fácil para a indústria do entretenimento. Todo mundo parece ciente de que não dá para levar a sério toda aquela história de maldições, amantes reencarnados e mortos-vivos e se concentra no que interessa: a diversão.
E para isso vale uma mistura curiosa de apuro visual e absurdos históricos, como deixa claro o comentário de Stephen Sommers (que dirigiu os dois primeiros filmes e produziu o terceiro).
As juras apaixonadas em egípcio antigo que o sacerdote-múmia Imhotep (Arnold Vosloo) troca com sua amada Anck-su-namun (Patricia Velásquez; atenção para a pronúncia: "Anák-su-námun") foram reconstruídas com a ajuda de um egiptólogo e estão o mais próximo possível do que se dizia há 3.000 anos.
O que não impede que Imhotep comande as Dez Pragas do Egito (ameaçando seriamente o emprego de Moisés) ou que os guardas sagrados do faraó sejam chamados de magi (o nome usado normalmente em inglês para os Reis Magos da Bíblia; pelo visto, o fora pegou tão mal que no segundo filme eles viraram os medjai).
Mas a bobagem campeã é a seqüência de abertura de "O Escorpião Rei". Um bando de bárbaros furiosos aprisionou o herói e seus companheiros, os assassinos acadianos. O chefe da tribo começa a enumerar: "Nós matamos babilônios! Matamos micênios [que só iam surgir dali a 1.500 anos]! Matamos mesopotâmios [palavra que os gregos só iam inventar dali a 2.500 anos]". Sensacional.
Os comentários de diretores e atores ajudam a adicionar aqueles detalhes completamente inúteis, mas interessantes. Dá para imaginar, por exemplo, que o covarde e traidor Beni (Kevin J. O'Connor) tinha sotaque húngaro, e não árabe? (Aquele fez, o chapeuzinho cônico dos egípcios, enganou muita gente.) Ou que Patricia Velásquez só estava "vestida" com tinta nas cenas de abertura?


As Lendas da Múmia (caixa contendo os filmes "A Múmia", "O Retorno da Múmia" e "O Escorpião Rei")
  
Distribuidora: Universal; R$ 90, em média



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