São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2005

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HQ

"Dois Reis", de Karmo, e "Preto no Branco", de Allan Sieber, passam a ser publicadas sempre aos domingos no caderno

Tiras da Ilustrada ganham novas cores

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas novas tiras de quadrinhos passam a ser publicadas a partir de hoje no caderno Ilustrada. As séries "Dois Reis", do paulista Karmo, 30, e "Preto no Branco", do gaúcho Allan Sieber, 32, ocuparão o lugar deixado por "Garfield", que continua circulando nos outros dias da semana.
Criada há cerca de quatro anos para o site do artista (www.karmo.com.br), "Dois Reis" acompanha o dia-a-dia de dois "bonequinhos" de 20 e tantos anos, sem nome, que dividem o mesmo teto. O preto é webdesigner, sensível e vive tentando agradar o vermelho; este, por sua vez, é meio bronco, trabalha carregando livros numa biblioteca e vive com uma latinha de cerveja na mão.
A simplicidade aparente dos desenhos, feitos por computador, é complementada com uma dose generosa de referências literárias e filosóficas. "No começo, [a tira] era só uma tentativa de aperfeiçoar o meu texto. Os bonequinhos são praticamente uns "egípcios", não posso desenhá-los de frente. Mas é essa limitação que abre possibilidades para trabalhar o argumento", justifica o autor.
Nascido Alexandre do Carmo, em Brotas, interior de SP, suas HQs estão editadas na revista "Front", da Via Lettera, e na antologia "Conseqüências", lançada na Espanha. Ainda assim, o currículo de Karmo nas HQs é ainda bem menos extenso que na publicidade. "Não me considero um rato de quadrinhos. Prefiro beber cerveja, essas coisas."
Pois o balcão do bar, por coincidência, também será um dos principais "divãs" dos personagens de "Preto no Branco", série ácida e semi-autobiográfica de Allan Sieber. "Tem um personagem fixo, que é o desenhista, mas tem biografias alheias também."
Para quem conhece a série, publicada, sempre em p&b, no site www.tonto.com.br, Sieber manda um recado: "O material é inédito, mas vou maneirar um pouco nos closes de sexo anal e essas coisas mais grosseiras", debocha.
Recentemente, dois anos de "Preto no Branco" foram compilados em um livro homônimo lançado pela Conrad.
Outros trabalhos do autor, nascido em Porto Alegre, incluem a animação "Deus É Pai", premiada em Gramado e no Festival de Havana, as aberturas dos longas de Jorge Furtado "O Homem que Copiava" e "Houve Uma Vez Dois Verões", além da tira "Vida de Estagiário", publicada desde 2001 no Folhateen.
E por que essa fixação pelo preto-e-branco? "Tenho certo preconceito com a cor. Às vezes, ela é só um jeito fácil de picaretear."


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