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"Garimpeiros" celebram o caos que internauta rejeita
DA REPORTAGEM LOCAL
Sentado num banco no corredor de um sebo no centro de
São Paulo, o artista plástico
Odires Mlaszho interrompeu o
garimpo para contemplar uma
pepita extraída do caos de livros velhos: um catálogo de
produtos eletrônicos em alemão por R$ 3.
Não que o conteúdo interessasse a Mlaszho -ele nem tentou ler o que estava escrito-,
mas lhe encantou o projeto gráfico datado e a disposição das
letras no índice do volume. O
artista, que entre outras coisas
trabalha com livro-objeto,
acrescentou de pronto o achado à sua cesta de compras.
"Sou profissional em garimpagem. O que gosto nos sebos,
principalmente nos bagunçados, é que eles permitem isso.
Portais como Estante Virtual
ajudam bastante, às vezes consulto, mas o bom mesmo é descobrir algo que eu não queria
comprar", diz Mlaszho, que vai
a sebos pelo menos duas vezes
por semana e diz que não pretende deixar de frequentá-los.
Seu contraponto é o professor universitário de engenharia
mecânica Whisner Fraga, de
Ribeirão Preto (SP), que, desde
a expansão do comércio online
de livros no país, praticamente
só compra no ciberespaço. Foram, contabiliza ele, mais de
700 títulos adquiridos desde
2005 em sebos de todo o país,
sempre via Estante Virtual.
"Compro diariamente pela
internet, atualmente cerca de
dez livros por semana. Muitas
vezes alguém indica um livro,
mas na loja não tem, está esgotado, então vou à internet e
quase sempre acho", explica
Fraga, cuja biblioteca privada
soma 4.000 volumes.
O professor, que hoje raramente vai às lojas ("Às vezes
para folhear novidades"), conta
que pela rede seleciona a partir
do preço, depois da foto, do ano
de publicação e da descrição do
estado do livro.
(FV)
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