São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

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"Garimpeiros" celebram o caos que internauta rejeita

DA REPORTAGEM LOCAL

Sentado num banco no corredor de um sebo no centro de São Paulo, o artista plástico Odires Mlaszho interrompeu o garimpo para contemplar uma pepita extraída do caos de livros velhos: um catálogo de produtos eletrônicos em alemão por R$ 3.
Não que o conteúdo interessasse a Mlaszho -ele nem tentou ler o que estava escrito-, mas lhe encantou o projeto gráfico datado e a disposição das letras no índice do volume. O artista, que entre outras coisas trabalha com livro-objeto, acrescentou de pronto o achado à sua cesta de compras.
"Sou profissional em garimpagem. O que gosto nos sebos, principalmente nos bagunçados, é que eles permitem isso. Portais como Estante Virtual ajudam bastante, às vezes consulto, mas o bom mesmo é descobrir algo que eu não queria comprar", diz Mlaszho, que vai a sebos pelo menos duas vezes por semana e diz que não pretende deixar de frequentá-los.
Seu contraponto é o professor universitário de engenharia mecânica Whisner Fraga, de Ribeirão Preto (SP), que, desde a expansão do comércio online de livros no país, praticamente só compra no ciberespaço. Foram, contabiliza ele, mais de 700 títulos adquiridos desde 2005 em sebos de todo o país, sempre via Estante Virtual.
"Compro diariamente pela internet, atualmente cerca de dez livros por semana. Muitas vezes alguém indica um livro, mas na loja não tem, está esgotado, então vou à internet e quase sempre acho", explica Fraga, cuja biblioteca privada soma 4.000 volumes.
O professor, que hoje raramente vai às lojas ("Às vezes para folhear novidades"), conta que pela rede seleciona a partir do preço, depois da foto, do ano de publicação e da descrição do estado do livro.
(FV)


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